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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “inaceitável” a decisão do governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, de revogar os vistos de entrada de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em nota oficial divulgada na manhã deste sábado (18), Lula manifestou solidariedade aos magistrados, condenou a medida como “arbitrária e completamente sem fundamento” e reafirmou o compromisso com a defesa do Estado Democrático de Direito.

A medida foi anunciada na sexta-feira (17) pelo secretário de Estado norte-americano, o republicano Marco Rubio, que afirmou nas redes sociais ter determinado a revogação dos vistos do ministro Alexandre de Moraes, seus familiares e “aliados no tribunal”. Também foram atingidos os ministros Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes.

“Minha solidariedade e apoio aos ministros do Supremo Tribunal Federal atingidos por mais uma medida arbitrária e completamente sem fundamento do governo dos Estados Unidos. A interferência de um país no sistema de Justiça de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações”, diz o comunicado da Presidência.

Lula também afirmou que “nenhum tipo de intimidação ou ameaça” será capaz de comprometer a missão dos poderes e instituições brasileiras de atuar na defesa da democracia.

A decisão do governo Trump aprofunda a escalada de tensão entre os EUA e o Brasil. Há dez dias, o presidente norte-americano notificou o Palácio do Planalto sobre a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos a partir de 1º de janeiro. Ainda nesta semana, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA abriu uma investigação contra o Brasil, alegando práticas comerciais desleais, com destaque para o uso do Pix, sistema de pagamento brasileiro que, segundo o órgão, estaria restringindo as exportações americanas.

Rubio justifica decisão citando liberdade de expressão

Ao justificar a revogação dos vistos, Marco Rubio declarou que o governo Trump “responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos”.

“A caça às bruxas política do ministro Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil, atingindo os americanos”, publicou Rubio na rede social X (antigo Twitter).

A retaliação norte-americana ocorreu dias após o ministro Alexandre de Moraes impor medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica. A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na residência de Bolsonaro e na sede do Partido Liberal (PL) em Brasília.