
Foto: Reuter/Yuri Gripas e Marcelo Camargo/Agência Brasil
Em mais um capítulo da política internacional, o presidente do Brasil, Lula, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltaram a se falar. Desta vez, por telefone, em uma conversa que durou cerca de 30 minutos. O tom foi cordial, com direito a lembranças da “boa química” do encontro em Nova York, durante a Assembleia da ONU, e a promessa de um reencontro em breve.
O petista aproveitou o momento para pedir a revisão do tarifaço de 40% sobre produtos brasileiros e o fim das sanções impostas a autoridades nacionais.
Segundo o Palácio do Planalto, o papo fluiu com tanta naturalidade que os dois presidentes chegaram a trocar números de celular para “manter contato direto”. Lula publicou nas redes sociais que vê o gesto como uma “oportunidade de restaurar as relações amistosas de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente”.
Do lado americano, Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para continuar as negociações com Geraldo Alckmin, Mauro Vieira e Fernando Haddad.
Entre os temas espinhosos da conversa, estão as sanções aplicadas por Washington, que atingiram ministros do STF e o advogado-geral da União, Jorge Messias. O nome do ministro Alexandre de Moraes, e de sua esposa, Viviane Barci de Moraes, inclusive, entrou na lista de sancionados pela Lei Magnitsky, que pune estrangeiros considerados violadores de direitos humanos.
Nos bastidores, a diplomacia brasileira trabalha com cautela. Lula sugeriu que o encontro presencial ocorra em Kuala Lumpur, durante a Cúpula da Asean, no fim do mês, um terreno neutro, distante da Casa Branca e de Brasília. Trump ainda não confirmou presença, mas deve passar pela Ásia em uma viagem que incluirá Japão e Coreia do Sul. O brasileiro, por sua vez, segue com a agenda intensa: antes da Malásia, fará uma visita de Estado à Indonésia e mantém o convite para que Trump participe da COP30, em Belém (PA).
Mesmo com a relação ainda marcada por desconfianças e idas e vindas, a conversa entre Lula e Trump foi vista como um gesto de pragmatismo político. Entre as pautas que interessam a ambos, estão o comércio bilateral, a regulação das big techs e o potencial das terras raras.
Em tom conciliador, o brasileiro deixou claro: o Brasil está aberto ao diálogo – mas sem abrir mão da soberania e da independência do Judiciário. Como, aliás, deve ser.