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"Treinos de transição em lockdown", por Breno Leal

Os treinos de transição, ou treinos combinados, são os que envolvem duas ou as três modalidades no triathlon numa sessão

A Super League Triathlon durante a pandemia (Foto: Tri247)

Diante da situação que estamos passando, algumas adaptações precisam ser feitas. Uma delas, para os triatletas, está nos treinos de transição. Os treinos de transição, ou treinos combinados, são os que envolvem duas ou as três modalidades no triathlon numa sessão. A função deles é adaptar às situações de prova nas mudanças de padrão de movimento de cada modalidade, principalmente, capacitar a corrida após nadar e pedalar. Além, claro, de aprimorar o condicionamento físico.

Numa temporada sem pandemia, os treinos de transição começam a aparecer quando o período de preparação (início da temporada, 4-6 semanas) está chegando ao seu fim e dando início ao período de base, próximo àquela primeira prova do ano de sprint (750m natação, 20km ciclismo, 5km corrida). Dando aquele "pontapé inicial" para os triathlons que virão durante o ano. 

A partir daí, os treinos de transição passam a ser habituais numa planilha regular de triathlon. Ocorrendo pelo menos uma vez na semana e, de acordo com o momento do ano, duas ou três vezes.

Sobre a pandemia, uma "Temporada sem pandemia" soa distante de nossa realidade e mesmo que as medidas de restrição sejam mais flexíveis, temos que ser pacientes para a realização de um evento como o que fazíamos antes de tudo isso.

Mas o triathlon não deve ficar restrito apenas à participação em eventos. Se é um esporte que modificou a vida de tantas pessoas, a sua prática não deve ser abandonada por causa disso. Podemos continuar praticando com a sua essência, que é o treino combinado de duas ou as três modalidades.
Para manter o condicionamento no triathlon, é preciso colocar a transição como uma forma específica de medir o quão preparado você está. Um atleta pode estar nadando, pedalando e correndo bem, é preciso ver o desempenho quando se combina as três modalidades ou duas delas, que é exatamente para isso que o triatleta treina.  

Como retornar às transições
A seguir, colocarei uma sugestão para esse retorno. Nada substitui a comunicação assertiva entre treinador-atleta. Portanto, antes de qualquer acréscimo ou incremento, recomendo que converse com quem está lhe acompanhando nos treinos. Se não for o caso (de estar tendo um acompanhamento), recomendo que procure esse tipo de orientação, a tendência é que o profissional tenha recursos que facilitam os seus treinos.

Uma boa ideia para iniciar a reincorporação deste tipo de treino é adotar um dos dias da semana para fazer uma corrida logo após uma sessão de ciclismo com aproximadamente uma hora. Essa corrida pode ficar entre 15-30 minutos (dependendo do seu nível atual), numa intensidade fácil e com boa técnica. Gostamos de colocar esse tipo de treino na primeira metade da semana, para dedicar a segunda metade aos treinos mais longos e de recuperação.

À medida que o tempo for passando, você pode ir incrementando a intensidade da corrida, mantendo o tempo total de treino entre 1h-1h30, com maior percentual dele voltado para o ciclismo. A outra forma de incrementar é colocar mais um treino de transição, este já na segunda metade da semana e iniciando de maneira fácil e técnica entre 15-30 minutos de corrida, após 2h a 3h de ciclismo.

Conforme as medidas vão ficando mais restritas, vamos nos adaptando. Uma parcela de quem está treinando, está fazendo tudo dentro de casa ou na academia do condomínio, onde a esteira pode estar disponível para fazer o treino. 

Mas se a esteira não for um recurso, é válido colocar os tênis ao lado do rolo com a bicicleta, para quando terminar o treino de ciclismo, realizar de 10-20 minutos de educativos ou exercícios de força ou pliometria que envolvem movimentos similares aos da corrida.  

Um modo simples de realizar esses dez minutos pode ser em TABATA, por exemplo. O método TABATA é uma série intervalada de 20'' de estímulo e 10'' em recuperação, repetindo 4 vezes. Se você colocar dois exercícios - como skipping alto e avanço -, e colocar um intervalo de 1 minuto entre eles dá cinco minutos. Para completar os dez minutos, você pode repetir a série ou colocar mais dois exercícios combinados.

Avalie com quem está lhe acompanhando qual a maneira mais segura e eficaz para fazer as transições. Esse formato de treino que coloquei foi um modo ilustrativo do que pode ser realizado. Utilize a racionalidade para a execução delas, que podem ser adaptadas diversos tipos de situação.

Conclusão

Acho que esse tipo treino nunca deve ser descartado por quem pratica triathlon. Apesar de ser mais fácil fazer uma modalidade nesse período, procure uma vez na semana colocar algo que envolva duas modalidades. O princípio do triatleta é exatamente conseguir render quando se coloca nessa situação. É uma maneira de não ficar tão distante daquilo que você mais gosta. 

Uma situação que não esqueço quando iniciei no triathlon foi quando me perguntaram se tinha feito alguma transição. Diante da negativa, a pessoa logo respondeu: "então, você não treina triathlon ainda". Dito isso, fui para a CE-040 no outro dia e fiz um treino de 30km de ciclismo e 20 minutos de corrida. Foi realmente um dia pra guardar. A sensação de correr após pedalar é diferente, percebi que "sim, agora faço triathlon".
 

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