A Hapvida chega ao fim de 2025 dando sinais de que a crise financeira enfrentada nos últimos anos — e agravada neste final de exercício — ainda está longe de ser superada. O episódio mais recente foi o anúncio de que o médico Jorge Pinheiro, filho de Cândido Pinheiro, fundador da companhia, deixará o cargo de CEO. A comunicação ao mercado foi feita na segunda-feira, 22 de dezembro, embora a operadora não tenha informado quando a transição será efetivamente concretizada.

Para o lugar do herdeiro, foi indicado Luccas Augusto Adib, atual diretor financeiro da empresa. A escolha, no entanto, gerou desconfiança no mercado. A expectativa era de que o comando fosse assumido por Alain Benvenuti, então vice-presidente do grupo. Benvenuti, contudo, declinou da liderança e deixará também o posto de vice, que será ocupado por uma executiva da própria companhia.

Nos bastidores, investidores tomaram conhecimento de que Benvenuti pediu renúncia por ser dirigente estatutário. O temor estaria relacionado às responsabilidades legais que recaem sobre executivos nessa condição, inclusive patrimoniais, diante da derrocada financeira da empresa.

A mudança no alto escalão foi recebida com cautela pelo mercado, especialmente por se tratar de uma operadora que presta serviços a servidores públicos da Prefeitura de Manaus e do Governo do Amazonas, além de atender parte dos trabalhadores das empresas do Polo Industrial da Zona Franca de Manaus. Por isso, a crise da Hapvida é acompanhada de perto no estado.

O anúncio ocorre após um ano particularmente difícil para os acionistas. Em 2025, as ações da Hapvida acumularam queda de 56,8%, pressionadas por resultados muito abaixo do esperado, elevado consumo de caixa e dúvidas quanto à capacidade da companhia de capturar as sinergias prometidas com a incorporação da Intermédica. Nos últimos meses, instituições como JP Morgan, Itaú BBA e BTG Pactual rebaixaram suas recomendações para os papéis da empresa.