No dia 25 de junho de 2009, o mundo todo só falava sobre um assunto: a morte daquele que se tornara o maior dos artistas do milênio. O anúncio da partida inesperada de Michael Jackson assolou os corações de seus fãs e admiradores. Jornais e telejornais se debruçavam sobre a triste notícia. O clima era de perplexidade e tristeza. Para o jovem Rodrigo Teaser, aquele dia tinha um significado ainda mais especial. Fã do Rei do Pop desde pequeno, ele não se aquietou e continuou sua trajetória de cantar, encantar e emocionar como cover de Michael.
A seguir, uma entrevista exclusiva da Frisson com o artista brasileiro considerado o melhor cover de Michael Jackson da América Latina.
Primeiro, queremos saber: como surgiu essa admiração por Michael Jackson?
Ainda pequeno, eu tinha cinco anos, não sei dizer o primeiro momento. Na verdade, desde que me conheço por gente, Michael faz parte da minha vida e dos meus dias. Quando eu tinha cinco anos, ele estava no auge do sucesso. Todos os meios de comunicação falavam dele. Era inevitável não se encantar.
Você é, indiscutivelmente, um artista com fisionomia, jeito e voz muito idênticos aos de Michael. Sempre foi assim ou teve alguma adaptação?
Na verdade, eu me tornei um artista por causa dele. Adaptar meu corpo ou minha voz é parte do processo de busca. Minha voz é resultado de muito estudo e, ainda assim, é uma leve recordação do que ele é.
É óbvio que a maquiagem facilita no processo de semelhança com Michael. Mas revela para a Frisson: você realizou alguma plástica para ficar tão incrivelmente parecido com o Rei do pop?
Já fiz cirurgia no nariz, mas não para ficar parecido com ele. Primeiro, porque eu não gostava mesmo de como ele era. Eu cheguei a pensar em tentar copiá-lo, mas achamos melhor, eu e o cirurgião, manter o máximo possível das minhas características. Para mim, ele é um modelo de beleza, mas, como todos os modelos, nem todos estão ao nosso alcance (risos).
Sua fisionomia parecida com a Michael te fez tornar um fã dele? Ou você sempre foi fã e aproveitou a semelhança para se tornar cover de Jackson?
Sempre fui fã, muito antes até de pensar que eu pudesse me assemelhar a ele de alguma forma.
Quais as principais dificuldades superadas no início de sua carreira?
As dificuldades do início, por incrível que pareça, são as mesmas até hoje, dadas as proporções, cada coisa em seu lugar. A principal dificuldade é fazer algumas pessoas entenderem que isso é arte, é uma expressão de arte! Eu não crio a arte que eu apresento, mas eu faço uma releitura para a minha realidade. As expressões de arte estão lá, o canto, a dança, a interpretação, a música, a luz, o figurino, a junção de todas essas coisas. Mas, ainda assim, existe um preconceito. Muitas vezes acham que o que eu faço é algo menor, algo menos artístico. E isso se dá pela leitura do ‘cover’. Honestamente? Já vi musicais sobre cantores nacionais que eram muito inferiores ao trabalho de muito ‘cover’ por aí.
Profissionalmente falando, você, hoje, trabalha como cover do Michael “apenas” ou tem alguma outra ocupação?
Na realidade, eu nunca tive outro trabalho a não ser a arte. Houve momentos complicados em que eu precisei fazer outras coisas ou até mesmo trabalhar com produção de outros shows e eventos. Mas meu foco e minha energia nunca foram empregados em outra coisa.

Foto: Divulgação
Nossa, bacana! Recentemente, você lançou um clipe, o “Hey”, mas com sua cara e seu jeito próprio – nada atrelado ao Michael. Você pretende seguir carreira independente?
Sim, esse é meu plano de vida. Eu não posso querer "ser" MJ para sempre. Outras gerações vão chegar, outros covers, outras propostas. Assim como tiveram outros antes de mim, haverá outros depois. Minha carreira é minha carreira, minha vontade, minha ideia, uso as roupas que quero. (A canção) ‘Hey’, de certa forma, deixa claro que, embora eu não esteja maquiado, MJ está em mim. Sou resultado da influência dele. Assim como tantos ao redor do mundo. Hoje, Michael Jackson não é só o maior artista do mundo, ele é um gênero artístico a ser seguido.
Os fãs de Michael querem saber: Rodrigo Teaser pensa em deixar de ser cover do Rei do Pop algum dia?
Eu não penso, eu aceito que isso tenha que acontecer. Para mim, não será fácil, mas eu sei que vai acontecer, estou envelhecendo (risos).
Quando você pensa em Michael Jackson, o que te vem à cabeça? O que ele representa, de fato, para você?
Não há palavras que possam expressar! Se eu pudesse materializar as palavras amor e gratidão, talvez eu pudesse criar uma forma de compreenderem. Eu simplesmente devo tudo a ele, eu devo quem eu sou, os sonhos que eu vivo, que eu persigo, o tipo de artista que quero ser, o tipo de ser humano que quero ser. Devo a ele as experiências que eu vivi, as lições que eu aprendi e aprendo. Eu não sei o que seria ou como seria se eu não tivesse conhecido MJ nessa vida, mas, posso garantir, nessa existência, não existe outra forma de viver senão sendo grato a ele. Eu estou longe de ser perfeito, como pessoa, como artista, tenho meus defeitos, mas a influência dele em buscar melhorar e acertar o que foi feito é inegável.
O que representou o dia 25 de junho de 2009 em sua vida?
Representa ainda a mesma coisa. Uma mudança, um constante aprendizado. Lições que eu nem sabia que seriam aprendidas estavam sendo iniciadas ali. Eu quis jogar a toalha, jogar tudo fora. Eu não sabia como prosseguir e aprendi qual o meu lugar dentro disso, aprendi qual o meu papel ao lado dos que gostam do que eu faço. Aprendi, principalmente, que, muitas vezes, o vazio, o buraco, a falta, nos machuca e temos que conviver com ele. Um dia de cada vez, um passo de cada vez. Ele não está aqui, mas não deixou de fazer parte da minha vida. Ele me ensinou o significado da eternidade.
Como é sua relação com os fãs de MJ que se tornaram, também, seus fãs?
Não sei. Agora, com a minha música, eu acho que posso conquistar fãs, mas, antes disso, não. A arte é do Michael Jackson. A identificação foi com o que ele criou. Eu nunca ‘roubei’ nada do MJ. Se eu aceitasse isso dessa forma, me sentiria roubando seus fãs, roubando um amor que é destinado a ele. Hoje, eu estabeleço uma relação com quem gosta de mim, independente do amor que sentem pelo MJ, sentem algum tipo de amor por mim, eu os aceito e espero sempre poder fazer por merecer.

Foto: Divulgação
Vamos falar agora de algo não muito agradável. Como você reagiu às acusações de pedofilia contra o Michael Jackson?
Reagi com raiva inicialmente. Eu não acreditei um minuto nisso, me parecia uma tentativa violenta de conseguir dinheiro fácil.
De que forma você reage às piadas maldosas envolvendo o nome dele?
Hoje, eu tento separar as coisas, tento entender quando o que está sendo dito é um comportamento que a pessoa está repetindo porque ouviu em algum lugar, repetindo para ser o 'engraçado' do momento ou porque realmente crê naquilo. Acho que cada uma pede uma reação diferente. Mas todas, todas mesmo, as reações devem passar pelo mesmo critério, não devemos nunca responder de forma muito passional, as pessoas não levam a sério essas reações, elas pensam que estamos tendo essa reação por conta do nosso amor. Às vezes, a calma e o silêncio devem prevalecer.
Michael aparentava doçura e bondade extremas. Mesmo assim, tinha um ar muito triste, frágil mesmo. Você acha que ele era feliz?
Acho que ele foi muito feliz em diversos aspectos da vida. Apesar de toda a fragilidade dele, não devemos subestimá-lo ou até mesmo tirar o mérito de suas escolhas. Muitas escolhas da vida dele não foram feitas por ele, mas muitas outras foram. Ele escolheu viver para a arte, escolheu se doar, ele se sentia completo com isso. O que vinha junto com isso e as pessoas que apareciam eram os efeitos colaterais. Acho que ele soube lidar por muito tempo com isso, mas chegou um ponto onde tudo saiu do controle. Aí, sim, ele passou a ser vítima da própria vida e do próprio talento. Mas pense comigo. Nunca houve alguém como ele, nem antes, nem depois, como ele saberia agir, com quem ele poderia aprender??
É verdade. Pensando por esse lado, seu raciocínio faz sentido mesmo. Rodrigo, qual sua opinião sobre o pai dele?
Eu não tenho uma opinião 100% formada sobre ele. Acho que existe um equívoco dos fãs do Michael em tentarem estender o amor ou a compreensão que sentem por ele ao resto da família. Para mim, o pai do MJ é um homem, acima de tudo, corajoso, que teve numa época da vida uma visão única de como os filhos poderiam se tornar um fenômeno. A partir de um ponto, ele se perdeu, perdeu o controle sobre a situação, sobre as escolhas e sobre a própria vida. MJ, ainda quando parte do The Jackson, já não tinha convívio com ele, já o tinha demitido como empresário. O MJ passou a vida tentando se relacionar positivamente com o pai. Acho que a companhia dele durante o processo de 2005 deve ter feito muito bem ao MJ. Espero que tenha havido um bom convívio. Mas me espanta que, meses depois do processo acabar, ele e o MJ tenham se afastado como sempre foi. Me incomoda que, no dia seguinte ao falecimento do MJ, o pai tenha convocado a mídia para uma coletiva e tenha anunciado que iria abrir sua própria gravadora. Enfim, existem histórias que não devem ser compartilhadas, mas eu posso garantir que tenho meus motivos para questionar muito o 'amor' do pai do MJ.
Se Michael fosse vivo e se você tivesse filho, você o deixaria passar um fim de semana em Neverland caso Jackson convidasse??
O quê???? É claro que sim, mas eu ia pedir para ir junto pelo menos uns dias. Não porque eu não confiasse no MJ, mas porque eu não ia querer perder a festa (risos).
Seria um sonho! Agora, Rodrigo, você acha que ele seria capaz de forjar a própria morte? Alguns fãs acreditam nessa teoria.
Acho que existe, sim, a possibilidade que alguém forje a própria morte, isso é feito por aí. Mas estamos falando de uma pessoa que, mesmo em lugares como Oriente Médio, era perseguido por paparazzis. Se ele forjasse a própria morte, onde ele estaria agora? Vejo muitas teorias, mas vejo furos em todas elas, buracos em todas elas. E, aceitando que ele tenha fingido a própria morte, ele não voltaria, não há voltas, não há como ele aparecer e falar que fez isso para se salvar, que precisava salvar a vida etc etc etc. A partir do momento que ele voltasse, ele seria vítima de tantos processos que nem mesmo ele conseguiria se safar. Eu respeito quem acredita nas teorias, quem espera um retorno, mas eu não creio. Acho que a beleza da vida é essa. Eu não creio, mas respeito quem crê. Acho ridículo quando um fã que não crê xinga quem crê e vice-versa. Cada um passa e aceita a despedida como pode, como quer ou como consegue.

Foto: Divulgação
Verdade que você foi convidado para cantar para o próprio Michael?
Sim! Em 2002, houve um evento no Webster Hall de Nova York em comemoração aos 30 anos de carreira solo. Foi um evento produzido pelo MJJFC com o aval e cobertura da MJJ Productions. O evento ficou conhecido como Michael Jackson 30th Anniversary Fan Award. O evento aconteceu em julho e foi semelhante a um evento parecido que ocorreu em Londres em junho do mesmo ano. Eu mandei material por indicação do meu amigo Luis Fernando, o Rubba, e eles aprovaram. A seleção era assim: bailarinos, cantores e covers enviavam materiais e, uma vez aprovado pela organização, era mandado para o pessoal da MJJ production aprovar. Eu fui aprovado e convidado a me apresentar na edição de Nova York representando a América latina. Na ocasião, me pediram para levar uma bandeira do Brasil. Não foi possível participar porque o consulado americano não me deu visto em duas entrevistas diferentes. Aliás, até hoje, o argumento deles se mantém o mesmo. Eles acham que, se eu for para lá como um artista tributo, ficarei e viverei ilegal por lá. Eles alegaram, na primeira entrevista, que o que eu faço aqui seria mais remunerado e respeitado lá e que eu representava grande risco. Na época, foi apresentada a cópia do fax do MJ confirmando para a produção que estaria presente, a organizadora do evento ligou e falou com o cônsul, mas não rolou. Hoje, eu amargo isso como a maior oportunidade de ter conhecido Michael Jackson que eu tive na vida. Já que há fotos de covers internacionais ao lado do MJ nesses dois eventos que falei. Não era para ser...
Como você cuida do corpo e da mente? É vaidoso?
Confesso que sou mais vaidoso com a mente do que com o corpo. Hoje, com 35 anos, a preocupação vai aumentando, preciso cuidar, estar em forma, os shows duram duas horas, cantando, dançando, trocando de roupa, essas coisas. Mas, em geral, eu ando meio bagunçado. Uso boné para não ter que arrumar o cabelo, roupas de desenho animado (risos). Sou vaidoso, mas procuro manter a vaidade num lugar certo. É uma tarefa difícil, especialmente em dias de redes sociais. Todos somos vigiados e vigiamos, todos somos testados, todos somos garotos-propaganda de nós mesmos. Não acho isso saudável, acho que, às vezes, devemos expor nossas fraquezas. Eu sempre busco ser honesto quanto aos meus sentimentos com quem me segue, não faço glamour do que eu faço de forma fútil. Esses esforços são minha vaidade. Mas é claro que, como muita gente, eu fico querendo queimar uma barriguinha, tirar uma olheira e tal (risos).
Sua esposa, Priscila, é muito bonita e aparenta ser uma mulher bem próxima à sua carreira e uma mega companheira de trabalho. Qual a importância dela em sua vida e como define a relação de vocês?
Ele é linda! E a importância dela é total. Sempre dividimos muito as coisas aqui, mas, em 2009, minha reação inicial com a partida do MJ foi querer juntar todas as roupas do Michael, botar fogo e nunca mais fazer isso. Ela assumiu cuidar das coisas enquanto eu me recompunha, mas acontece que a mulher tem um jeito e uma sensibilidade para lidar com as coisas e com as pessoas que os homens não têm. E foi assim, um passo de cada vez que, juntos, a gente criou o show, montamos ao longo de dois anos, sem apoio, sem patrocínio. Muita gente não compreende a importância disso ou de um apoio como esse. Nós investimos um dinheiro que não tínhamos, como isso seria possível sem um apoio como esse? Ela abriu mão da vaidade dela, de comprar coisas ou ganhar coisas para que um sonho pudesse ser realizado. É um ato de muito amor alguém tomar para si o sonho do outro. Nossa relação é normal, a diferença é que vivemos a fazer shows (risos). Ela, às vezes, usa minha maquiagem e eu, a dela. De resto, é tudo igual.
O que os fãs de Fortaleza podem esperar do Tributo ao Rei do Pop que vai acontecer no dia 29 de abril?
Olha, eu estou muito, muito feliz de, finalmente, poder levar o show aí. Esperei muitos anos para isso. Estamos indo com um show muito completo! A grande dificuldade de viajar com o show é o tamanho dele, montamos sem imaginar as dificuldades que enfrentaríamos. Os fãs do MJ podem esperar um show muito respeitoso, muito carinhoso com a obra dele e com muita luz, música, coreografia e boa energia! É disso que se trata esse show, de deixar claro que a energia dele e o amor dele vivem em todos nós. Será uma linda celebração! Mal posso esperar.
Por fim, como acha que estará sua vida pessoal, amorosa e profissional daqui a 10 anos?
Não sei. Não penso e procuro não pensar. Sou uma pessoa ansiosa, muito ansiosa! Isso é ruim, me faz sofrer, perder sono, fome. Eu planejo as coisas, mas vivo o agora, não há nada certo, nada está estabelecido! Você pode pensar que tudo está garantido e, de repente, algo acontece e muda o rumo de tudo. Aliás, essa é mais uma lição que eu aprendi graças a Michael Jackson!