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José do Egito Filho, diretor comercial da Jotujé Distribuidora, fez da empresa referência no setor

Conversando com o empresário Ricardo Bezerra sobre sua trajetória no comércio, a descoberta de seu talento e a história da Jotujé, José do Egito Filho participou do programa Conexões

Foto: Divulgação

Filho do comerciante José do Egito, o cearense José do Egito Filho é diretor comercial da Jotujé Distribuidora e carrega o talento do comércio e a logística no sangue. Oitavo de uma família de nove filhos, o empresário logo quando adolescente percebeu sua aptidão para comerciante e, junto ao seu pai e, mais tarde, aos seus irmãos, fundou uma das maiores empresas do setor do Estado.

Conversando com o empresário Ricardo Bezerra sobre sua trajetória no comércio, a descoberta de seu talento e a história da Jotujé, José do Egito Filho participou do programa Conexões e trouxe detalhes sobre a empresa familiar, há 35 anos no Ceará e hoje referência no mercado varejista do Ceará. 

Ricardo Bezerra: Gostaria que você falasse da sua família e do pai, o fundador da Jotujé, o José do Egito.

José do Egito Filho: Pai e mãe casaram e tiveram 9 filhos. Eu sou o oitavo. Ambos eram de Sobral, mas eu e a minha irmã mais nova fomos os únicos a nascer em Fortaleza. Do que eu me lembro, o pai começou a ajudar o meu avô, e chegou a ser motorista de caminhão, fazendo frete para o Piauí. Meu avô era gerente de uma fazenda. 

Do que eu me lembre, meu pai veio para Fortaleza com a família e ele abriu um negócio e surgiu uma oportunidade - meu pai era visionário - de comprar óleo de algodão no Ceará e mandar para Belém, no Pará. Então ele, com 40 anos, viu o momento certo para a gente se mudar para Belém. Com nove filhos, fomos para a cidade, e deu certo. Ele se estabeleceu e continuou com a atividade de farinha para o Ceará e óleo de algodão para o Pará. Fui com 6 anos e voltamos para o Ceará em 1973. Então ele ficou com os dois negócios. 

Ricardo Bezerra: Vocês eram próximos?
José do Egito Filho:
Ele era meu melhor amigo. E por eu conviver muito com meu pai, ele não me cobrou muito no estudo, porque ele viu o meu lado comercial. Nós somos três homens e seis mulheres, e somos todos nomes bíblicos. O mais velho é Josué e o Tupinambá não é bíblico, mas é devido ao dia que ele nasceu. 

Ricardo Bezerra: Então vocês foram para Belém e voltaram para a Governador Sampaio, que era uma ruela e onde tinha todos os atacadistas. fala um pouco dessa rua dos 1970. 
José do Egito Filho:
Lá era o polo atacadista do Estado. Qualquer comerciante que quisesse se abastecer, tinha que ir para lá. Onde começamos, era um depósito de 250 metros quadrados. Tinham as lojas tradicionais, por exemplo, de onde você comprava coisas específicas. 

Ricardo Bezerra: Os negócios iam bem, mas seu pai, em 1980, em meio à hiperinflação, resolveu fazer uma auto aposentadoria? 
José do Egito Filho:
Não é que ele parou de trabalhar, ele só mudou as atividades. Naquele tempo, tínhamos 8 caminhões, então estava cansado. Então mudamos, mas ele continuou as operações comerciais. Ele era antenado, então ele sabia por exemplo que quando tinham boas safras para vender, ele fazia essas transações. Ele parou só com as atividades com os caminhões. 

Ricardo Bezerra: Mas nessa arrefecida, ele virou construtor? 
José do Egito Filho:
Foi uma construtora de um único prédio. Na João Lobo Filho, tinha um terreno e ele quis construir. Naquele tempo, você só tinha sucesso se tivesse financiamento, mas começamos a fazer com recursos próprios, e nosso financiamento nunca saiu. Mas ele conseguiu vender três unidades de apartamento que deu fôlego para a gente terminar. 

Ricardo Bezerra: Vocês já se apreciaram financeiramente?
José do Egito Filho:
Já, nós erramos muito, comerciante erra muito. Só vai para o ar o que a gente acertou, mas erramos muito. E principalmente eu. Lá na Jotujé, temos o diretor comercial, que sou eu, o diretor administrativo, que é Josué meu irmão, e o filho dele que é diretor de expansão. Eu, por ser diretor comercial, já errei muito nas compras. Eu já cheguei a importar tênis no Uruguai, em meados dos anos 2000, porque a concorrência era desleal e vimos que trabalhando só com cereal, não teríamos competitividade. Outra situação, comprei cerveja e foi um sucesso. A última parada foram 80 mil caixas compradas, aí era negociação com Pão de Açúcar, os supermercados todinhos. Mas faltando 15 dias para o Carnaval, a Receita Federal não libera a cerveja. Conseguimos desenrolar [com a Receita], mas não tivemos a vazão necessária. 

Ricardo Bezerra: A família sempre foi da inovação. Mas quando aconteceu a “grande tacada” vocês viraram o jogo? 
José do Egito Filho:
Depois que resolvemos o problema do prédio, voltamos para a Governador Sampaio, em um tempo de inflação muito grande. Em 1983, meu irmão estava em São Paulo e ele viu a venda externa [modalidade de venda no qual o vendedor se encontra com um cliente]. Então começamos a fazer isso. Outra inovação que fizemos foi que, por exemplo, uma caixa de leite em pó tinha um total 48 latas. Então começamos a vender fracionado, para o vendedor ter capital para uma variedade maior.  

Ricardo Bezerra: Mas quando nasceu a Jotujé? Foi mudança de nome social? 
José do Egito Filho:
Você lembra que era só eu e meu pai, na empresa do Governador Sampaio? Com a vinda de Tupinambá, a empresa virou “José do Egito e filhos”. Ai meu irmão começou a fazer cadastro nas indústrias, para compra fiado. Mas aí meu pai ficou preocupado, porque começamos a crescer muito rápido. Ai meu irmão Josué, que na época era engenheiro da Petrobrás, foi convidado para ajudar na empresa. Ele trouxe uma gestão totalmente profissional para controlar estoques, financeiro e gostou. Então entrou na sociedade. 

Então teve o Plano Cruzado [plano econômico de 1986 para controlar a inflação, quando os preços não podiam subir], quando congelamos os preços. Então vendemos o estoque para nossos principais clientes e criamos uma nova empresa, a Jotujé, que é o nome dos três sócios. Josué, Tupinambá e José do Egito, eu e meu pai. 

Ricardo Bezerra: Lá no princípio, vocês tomaram uma decisão disruptiva, de abandonar a Governador Sampaio, vocês decidiram fazer o primeiro Centro de Distribuição (CD) de atacado do Ceará. 
José do Egito Filho:
Nessa atividade da venda externa, precisávamos de espaço para armazenar. Era a questão da separação das mercadorias, que era feita na calçada, lá pelas duas horas da manhã. E então compramos um terreno na frente da Ceasa, e fomos muito criticados pela distância, mas hoje a grande maioria dos comerciantes foi para lá.

Ricardo Bezerra: E sobre a Jotujé hoje, quais são os números? 
José do Egito Filho:
A Jotujé começou com um CD de 2 mil metros, mas temos área de armazenagem também no KM 12 da B. Temos 120 funcionários e cerca de 100 representantes comerciais e vendedores/promotores. Ficamos de uns seis anos para cá atendendo 124 municípios do Estado, focados na Grande Fortaleza e mais 123 municípios, que só não até a região Sul do Ceará. Em 2016, tínhamos 160 fornecedores, tanto do canal alimentar quanto de material escolar e de construção.  Então temos uma ré grande. Trabalhamos com seis fornecedores e temos uma rentabilidade muito maior. Atendemos a Colgate/Palmolive, o Grupo Alyne, Baston, manufatura de produtos químicos, Carta Fabril…

Ricardo Bezerra: Em termos de ranking, como você tá em ranking? 
José do Egito Filho:
Estamos entre os sete melhores do Ceará. Mas somos referência no setor atacadista do Brasil. 

Ricardo Bezerra: O senhor se considera um comerciante nato como seu pai? 
José do Egito Filho:
Sim. Eu com 13 anos, eu via os meninos soltando raia que eles mesmo fabricam, eu comprava o material, dava para eles e vendíamos. Eu, antes de completar 18 anos, já vendia ouro comprado pelo pai de um amigo meu. Descobri que ele comprava os leilões da Caixa. Arrematei um lote, confiando na venda, sem um tostão. O meu amigo pagou 10% do valor da hora. No dia seguinte vendi os cordões. Cheguei a participar de um leilão em Belém. 

Ricardo Bezerra: Você presidiu  a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores  (Abade). Como foi sua experiência?  
José do Egito Filho:
Eu já fazia parte da diretoria e, em 2013, aceitei o desafio. Foi muito bom porque eu já tinha um círculo de amizades, que aumentou, e foi um aprendizado. Trouxe para o Ceará muita coisa. A maior feira que o Centro de Eventos do Ceará teve foi a Abade. 

Ricardo Bezerra: Como você vê o futuro do seu negócio? 
José do Egito Filho:
Com a venda on-line, a própria indústria concorre com a gente, então temos que fazer o papel de logística, porque ela não vai acabar nunca. A gente criou uma outra empresa de logística e armazenagem. 

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