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Economia cearense supera nível pré-pandemia, mas resultado deve ser observado com cuidado

Resultados positivos são do IBCR, uma espécie de termômetro do Produto Interno Bruto (PIB)

Resultados do Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR) no Ceará indicaram que a atividade econômica do Estado teve uma alta de 0,69%. Os dados foram maiores do que a média do Nordeste, de 0,35%, e do que a Nacional, com índice negativo de -0,83%. Divulgado pelo Banco Central, o IBCR é considerado uma espécie de termômetro do Produto Interno Bruto (PIB), com uma frequência mensal, neutralizando efeitos da sazonalidade. 

Quando considerados os últimos três meses, observa-se que o Estado teve uma alta de 2,92% em relação ao trimestre anterior. Ainda, segundo o Índice, o Ceará teve uma perda de 2,37% no acumulado de janeiro a novembro. 

Segundo Jair do Amaral Filho, Doutor em Economia e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), o resultado, apesar de positivo, deve ser observado com cuidado, visto que o Índice reflete um momento específico e oportuno das atividades econômicas. “Havia nesse momento demanda reprimida (pela quarentena) e continuidade do fluxo de pagamento do ‘auxílio emergencial’, além de outros programas de sustentação das atividades econômicas”, esclarece. 

A metodologia usada para o cálculo do IBC-R, segundo o professor, é uma forma de refletir o comportamento dos setores e das atividades econômicas, mas pelo lado da oferta dos setores da agricultura, indústrias e serviços. Dessa forma, deixa de lado a demanda. O índice foi adotado pelo Banco Central em 2010 para auxiliar nas tomadas de decisões em relação à Política Monetária. 

“Para a economia do Ceará, os setores e segmentos que mais contribuíram para esse desempenho foram, em primeiro lugar, o setor de serviços, ou seja, os serviços essenciais e o comércio de maneira geral (excepto bares e restaurantes), apoiados pela demanda essencial e pelo programa "auxílio emergencial" que estava em vigor. A oferta de energia pode também ser considerada importante. Em segundo lugar, podem ser considerados os segmentos industriais de bens de consumo não duráveis e a construção civil. Já as cadeias produtivas do turismo e do entretenimento sofreram forte retração, como, aliás, em todo o mundo.

Por essas razões, o professor indica cautela. Apesar da vacinação, a nova incidência de Covid-19 pelo mundo e o fim do auxílio emergência podem ser fatores a modificar os resultados futuros. O professor prevê bons resultados para o final de 2020, mas se questiona em relação ao ano de 2021.

“É preciso ver como os fatos irão se comportar, em relação às incertezas. Importante lembrar que, no Ceará, o setor público estadual tem tido, há anos, um comportamento de responsabilidade fiscal que tem possibilitado ao governo estadual honrar seus compromissos com seus funcionários e fornecedores, além de realizar investimentos importantes. Isto é uma condição básica importante para gerar um bom ambiente econômico. Além disso, tem uma estrutura econômica relativamente diversificada, fator que facilita a recuperação mais rápida da economia”.

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