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Ednilton Soárez

Múltiplas faces: pai, avô, empresário, cristão, educador e visionário

Aos 68 anos, Ednilton Gomes de Soárez divide sua rotina em três momentos: com a família, a quem devota nítido carinho; à educação, nas sedes do Colégio 7 de Setembro e na Faculdade 7 de Setembro; e aos negócios, como executivo do Beach Park. “Quando você se organiza e é disciplinado, o tempo dá para tudo. Após o estabelecimento das prioridades, é só cumprir o que se comprometeu. Só me comprometo com o que sei que posso entregar”, explicou quando indagado sobre a forma escolhida para administrar o tempo.

O empresário e educador, formado em Engenharia Mecânica pela Escola Nacional de Engenharia e com MBA pela New York University, falou com exclusividade à Coluna Frisson sobre a carreira, a condução do maior parque aquático da América Latina, os desafios na educação e as críticas recebidas a partir da substituição de históricos educadores das instituições 7 de Setembro. “Alguns professores não se atualizam ou mesmo ficam velhos, precisando ser substituídos. Por sermos muito rigorosos e criteriosos na seleção dos profissionais, sempre trocamos para melhor. Para o bem da aprendizagem, algumas substituições precisam ser feitas”, argumentou.

Quer saber mais?! Confira a seguir a entrevista completa de Ednilton Soárez à Frisson:

Como é administrar uma instituição de ensino com mais de 70 anos de existência?

O peso da responsabilidade é muito grande, principalmente pela consciência que temos de estar dando prosseguimento a um ideal dos grandes educadores Edilson Brasil Soárez e Nila Gomes de Soárez.

Quais as principais dificuldades superadas nesse tempo todo?

Manter os sólidos princípios deixados pelos fundadores do Colégio 7 de Setembro, de alto padrão de ensino e formação do caráter da criança e do jovem, ao mesmo tempo em que modernizamos os métodos de aprendizagem e atendemos aos anseios das famílias parceiras na educação dos seus filhos. O desafio se torna maior, pois temos que conviver com uma sociedade num ritmo frenético de transformação.

Como foi o processo de expansão do ensino do Colégio para a consolidação da Faculdade 7 de Setembro?

O processo de expansão foi natural, mas demandou muito trabalho e investimento. Quando decidimos expandir para o Ensino Superior, incentivados pelo Ednilo, sabíamos que era um passo que deveria ser dado com muita segurança. Procuramos a melhor empresa de assessoria na área e juntamos com a prata da casa, na pessoa do professor Adelmir Jucá. O nome 7 de Setembro é muito forte, mas tínhamos que entrar muito bem calçados. Trazer o que melhor tinha de fora com o melhor que tínhamos em casa. Deste modo, atraímos os melhores professores, todos com mestrado ou doutorado. Esta foi a fórmula do sucesso.

Comandar uma empresa familiar facilita ou dificulta o andamento de um negócio? Por quê?!

Facilita, mas também é um desafio, pois é necessário que todos os envolvidos, como bem colocou o professor John Davis, de Harvard, em seminário recente aqui em Fortaleza, saibam que família e empresa, apesar de se entrelaçarem, são entidades diferentes e muitas vezes têm objetivos diversos. Havendo esta compreensão, torna-se mais fácil.

Qual o princípio mais primordial deixado por seus pais, Edilson e Nila, e que permanece firme nas suas instituições?

Ensino forte, formação do caráter e parceria com as famílias.

O senhor foi secretário da Fazenda quando Tasso Jereissati foi governador. Como define a experiência?

Foram oito anos de muita aprendizagem. Tínhamos o sentimento de participar de um governo sério e competente que transformou a maneira de administrar o Ceará. No período do Tasso, o cearense reencontrou o orgulho de ser cearense. Onde quer que fôssemos nos olhavam com muito respeito.

Tem pretensão de seguir a carreira política?

Não tenho nenhuma pretensão. Acho que os oito anos que passei na Secretaria da Fazenda foram suficientes para me darem o sentimento de contribuição para o desenvolvimento do meu Estado.

Como analisa a situação política atualmente no Ceará e no Brasil?
E a educação básica e superior no ensino público, de que forma o senhor definiria?

Ainda não está definido o quadro da sucessão governamental. O governador Cid recentemente mudou de partido, com certeza vai querer fazer o sucessor, mas, por outro lado, vemos que o Senador Eunício tem demonstrado interesse em ser o candidato. Não sabemos também como o PT vai se comportar a nível estadual, portanto tudo ainda muito indefinido. Na esfera federal, parecia que a Dilma seria imbatível, mas o surgimento dos movimentos populares tem mostrado que existe uma grande massa insatisfeita. Os outros dois candidatos que estão colocados, Aécio Neves e Eduardo Campos, este, agora com o apoio da Marina, poderão levar a um segundo turno, o que parecia até pouco tempo improvável. Sobre a educação básica e superior no ensino público, acho que ainda deixa muito a desejar, basta ver como se colocam nas avaliações da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Sempre nas últimas colocações. No ensino superior, temos algumas honrosas exceções como ITA, IME, USP e Unicamp.

Sua rotina é super atribulada. O senhor participa de várias reuniões durante a semana e também precisa estar presente em muitos lugares. Como faz para administrar o tempo entre o trabalho e a família?

Meu pai tinha a maestria na administração do tempo, penso que herdei um pouco dele. Quando você se organiza e é disciplinado, o tempo dá para tudo. Após o estabelecimento das prioridades, é só cumprir o que se comprometeu. Só me comprometo com o que sei que posso entregar. Numa das paredes do 7 de Setembro, tinha escrito: “Quem perde o tempo eterna perda chora”.

Como o Colégio e a Faculdade 7 de Setembro driblam uma concorrência tão forte sem afetar o êxito administrativo?

Os pais que nos confiam a educação dos filhos e os profissionais que trabalham nas instituições educacionais 7 de Setembro têm a consciência do nosso compromisso com a excelência e com a qualidade. Sabem que não somos mercantilistas e cultivamos a formação do caráter.

Há algum planejamento com foco na expansão das instituições de ensino? Há a possibilidade de abrir uma sede do Colégio, por exemplo, em um bairro de classe C?

Na FA7, lançamos recentemente, com muito sucesso, os cursos de Engenharia de Produção e Arquitetura, aguardamos para muito breve a autorização para o Curso de Engenharia Civil e estamos preparando o caminho para nos tornar Centro Universitário. Nos colégios, estamos, no momento, além da modernização dos métodos de ensino que é uma constante, também modernizando a estrutura das duas sedes principais. Para este trabalho, contratamos os renomados arquitetos Delberg e Fausto Nilo. Quando concluído o projeto, acho que vão ficar muito bons. Não temos projeto no momento de expandirmos para outros bairros.

O senhor também faz parte do sucesso do Beach Park. Como é sua rotina no parque aquático?

A administração do Beach Park é totalmente profissionalizada, mas, mesmo assim, uma vez por semana, reúno-me com os diretores. Além disso, utilizo os recursos da internet para o acompanhamento diário das operações.

O Ceará é um estado litorâneo, com sol o ano inteiro, o que facilita a manutenção do êxito do Beach Park. Mas qual a estratégia detalhada para o parque receber cada vez mais visitantes durante o ano?

Qualidade no serviço que oferecemos e inovação constante. A cada ano, somos reconhecidos internacionalmente como um dos melhores parques aquáticos do mundo. O João Gentil, que é o nosso sócio no empreendimento, está sempre buscando o que há de mais moderno nas melhores empresas fornecedoras de atrações no mundo. Procuramos a cada um ou dois anos inaugurar uma nova atração. Assim, oferecemos sempre novidades.

Qual a influência mais nítida em seu trabalho?

Procuro ser justo em todas as minhas decisões e disciplinado em tudo o que faço. A minha oração a Deus, diariamente, pela manhã, antes de sair de casa é que Ele me dê sabedoria em todos os momentos de decisão.

Como descobriu a paixão pela profissão?

Gosto muito de trabalhar com pessoas. Educação e entretenimento têm tudo a ver com gente. O curso de Engenharia e o MBA me deram a capacitação de que precisava para me realizar.

Nas horas vagas, o que mais gosta de fazer?

Sempre que posso quero ficar em família, com a Leninha, com quem sou casado há 44 anos, curtir os filhos e as netas. Gosto muito de ir para a Lagoa do Uruaú, ler e ouvir música. Tenho, no meu Ipad, quase 9.000 músicas do mais diferentes gêneros. Adoro viajar. Tiro duas férias por ano, de dez dias cada.

Atualmente, seu filho, Henrique, é tido como seu sucessor no 7 de Setembro. Como o senhor avalia essa possibilidade?

Existe uma grande possibilidade. Ele tem todos os atributos. Uma excelente formação e está muito envolvido nas instituições, inclusive dando aula, mas acho que ainda temos alguma estrada para percorrer.

Entre pais e alunos do Colégio 7 de Setembro, há um comentário recorrente sobre a saída de professores que fazem parte da história da instituição. A quê se deve essa transformação? O senhor não acha que essa mudança brusca interfere na imagem e nos princípios de uma empresa que trabalha com educação?

O professor estabelece laços muito fortes com seus alunos, mas, infelizmente, alguns não se atualizam ou mesmo ficam velhos, precisando ser substituídos. Por causas do laços afetivos criados, vem o saudosismo e aquele sentimento de que o anterior era melhor. Mas, na prática, por sermos muito rigorosos e criteriosos na seleção dos profissionais, sempre trocamos para melhor. Só fazemos mudanças quando a situação exige, mas, infelizmente, para o bem da aprendizagem, algumas substituições precisam ser feitas.

Qual o maior obstáculo para se trabalhar com educação atualmente?

Não é obstáculo, é desafio, que é suprir as carências das famílias, que cada vez mais demandam da escola o que seria papel delas. Sempre afirmo que a educação deve ser feita a quatro mãos, contudo com as demandas sociais atuais e a universalização do trabalho feminino, a escola tem sido desafiada a prover, além do conhecimento, a formação do caráter, no que temos nos saído muito bem, graças a Deus.

Como o Colégio e a Faculdade 7 de Setembro atuam na inclusão de estudantes negros, deficientes e homossexuais? Há algum trabalho específico no combate à discriminação?

Sem nenhum problema, por termos uma formação cristã, aceitamos o próximo como ele é, que é o ensinamento de Jesus Cristo e nesse sentido orientamos toda a nossa equipe.

Como define a importância do 7 de Setembro na história do Ceará e do País?

A resposta a esta pergunta deve ser dada pela sociedade. Mas deixando a modéstia à parte, posso afirmar que, pelo testemunho que tenho ouvido de muitos ex-alunos, nós temos feito diferença em milhares de vidas. Fazer diferença é fazer história.

O senhor é um homem religioso, muitas vezes até comandando cultos como um pastor protestante. Fala um pouco dessa sua experiência com Deus.

Desde muito cedo, aprendi que Deus era o criador do universo. Depois, aprendi que Ele é meu Senhor e Salvador da minha alma. O que significa dizer que, quando a hora chegar, e só Ele sabe quando, vou para o céu, que não é um lugar físico, mas um lugar de plenitude e gozo espiritual. Sou professor de uma classe na Igreja Presbiteriana Nova Jerusalém todos os domingos pela amanhã, onde procuro transmitir aos meus alunos os ensinamentos bíblicos que desde cedo aprendi dos meus pais.

Por fim, de que forma espera deixar o seu nome na trajetória do 7 de Setembro?

Como quem recebeu um legado. Como na parábola dos talentos na Bíblia, que ao receber o legado, não o escondeu, mas o fez multiplicar.

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Foto: Lino Vieira

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