HOME Notícias
Nome por trás da CasaCor Ceará, Neuma Figueirêdo tem trajetória marcada pela arte; veja entrevista

Em entrevista para a Frisson, Neuma falou um pouco sobre seu ateliê, sua história na CasaCor e a mensagem que deseja passar com a mostra que, neste ano, reúne 28 ambientes

Foto: Lino Vieira

Amante da arte, empresária e o grande nome por trás de 23 anos da mostra de paisagismo, design e arquitetura CASACOR Ceará, a trajetória de Neuma Figueirêdo também se confunde com a história da própria exposição. Certa de suas escolhas e com uma trajetória voltada para a arte - que envolve não só a CasaCor, mas o ateliê Nica -, Neuma também é presidente do Instituto COR da Cultura, instituição voltada para a criação e coordenação de eventos culturais. 

Em entrevista para a Frisson, Neuma falou um pouco sobre seu ateliê, sua história na CasaCor e a mensagem que deseja passar com a mostra que, neste ano, reúne 28 ambientes sob o tema enigmático “A Casa Original”.

Leia também | Com 28 ambientes, CasaCor Ceará 2021 abre para o público nesta terça

Confira a entrevista: 

Frisson: Você já está a frente da CasaCor Ceará há 23 anos. Como foi assumir esse projeto?

Neuma Figueirêdo: Comecei com a CASACOR Ceará no final da década de 90, na época, em sociedade com minha amiga, Maria Neusa de Oliveira, uma mineira que veio morar em Fortaleza, e minha irmã, Nereide Figueiredo. Nossa amiga,a jornalista Olga Krell, que então dirigia a revista Casa Cláudia, fazia parte do comitê curador da CASACOR e nos apresentou e indicou para que nos tornássemos as franqueadas da CASACOR no Ceará.

Relutei muito em assumir esse desafio, pois estávamos muito envolvidas com a Nica – nossa empresa de decoração, loja e fábrica artesanal. Mas a primeira edição foi um grande sucesso, o nosso relacionamento com o mercado de decoração e arquitetura nos ajudou muito. Foi um grande desafio mas, já na primeira edição, vimos o potencial e a importância da CASACOR para fomentar negócios. No final de 2002, minha irmã Nereide, após quatro edições, saiu da sociedade, e no de 2010, Maria Neusa, após participar comigo de 12 edições da CASACOR, voltou para Goiânia, se desligando [da sociedade]. Foi quando o meu filho Victor veio a fazer parte da sociedade da empresa e ser franqueado junto comigo. 

É incrível poder realizar uma mostra de decoração e design voltada para divulgar a criatividade de profissionais e a originalidade em combinar elementos da cultura urbana cosmopolita e da cultura popular regional, duas vertentes tão fortes na vida dos cearenses. A combinação desses itens confere a particularidade e o caráter único da CASACOR Ceará. Nunca imaginei que ia conseguir criar algo tão grandioso, viver tantas experiências enriquecedoras, ter a oportunidade de representar nosso Estado e mostrar todo o potencial dos nossos talentosos profissionais. Tem sido uma vida de muito trabalho e também de muita realização que, atualmente, divido com nossa equipe e meu filho, Victor Guimarães, sócio da CASACOR Ceará.

Frisson: Você também é presidente do Instituto COR da Cultura. Pode falar sobre a instituição?

Neuma Figueirêdo: O Instituto COR da Cultura é uma Instituição, fundada em 2004, que tem o foco nas ações culturais de nossos projetos. Atuamos em edições de livros, revistas,   exposições de arte e várias ações culturais e educativas. O Instituto Cor da Cultura tem parceria com a Mandacaru Eventos e Promoções, que é a empresa Franqueada da CASACOR Ceará desde 1998 e atua em parceria com outras empresas e Instituições nas áreas sociais e culturais em nosso Estado.

Frisson: Pode relembrar um pouco sobre como foi a primeira edição da CasaCor Ceará? Onde ela foi, quais eram as tendências em destaque…? 

Neuma Figueirêdo: Realizamos [a primeira edição] em 1999, no número 1100 da rua João Cordeiro. Já na primeira edição, contamos com 49 ambientes em uma área construída de 1.400 metros quadrados que, na década de 70, foi residência de Amílcar e Constança Távora. Na época, o imóvel já pertencia ao empresário Valman Miranda que, acreditando no nosso projeto, cedeu o imóvel para este fim. O mercado das lojas de decoração e os profissionais da arquitetura de interiores do nosso Estado participaram com muita alegria, pois já conheciam a CASACOR e visitavam a Mostra de SP. O mercado cearense estava ansioso pela chegada da CASACOR. Como tínhamos um envolvimento grande com o mercado, pois tínhamos uma loja de decoração bem conceituada a mais de 20 anos, já na primeira edição, a Mostra foi um sucesso, com os melhores arquitetos e decoradores da época e as melhores lojas locais e patrocinadores nacionais. Nossa inauguração foi coroada como um sucesso. A mídia nacional, como TV Globo, e revistas nacionais, como Caras e Quem, divulgaram nossa abertura com a presença da amiga Xuxa Meneghel. A mostra teve um ambiente em sua homenagem, com peças pessoais da própria Xuxa. 

Frisson: Como a CasaCor consegue refletir a cultura arquitetônica e paisagística do Ceará?

Neuma Figueirêdo: A CASACOR Ceará, é um registro anual único das tendências de arquitetura, paisagismo e design de interiores. Os profissionais que participam da mostra trazem todo seu diferencial e interpretação do que está em voga no mundo da decoração e arquitetura. Fico muito feliz em realizá-la no Ceará, onde conseguimos apresentar nossa mostra em locais icônicos que apresentam sua história e particularidades para todos os nossos visitantes. Além disso, temos a riqueza e variedade do nosso artesanato e design únicos, sempre presentes em nossos ambientes.    

Frisson: Falando sobre a edição de 2021, o tema é “A Casa Original”. Pode explicar um pouco sobre o que significa essa ideia? 

Neuma Figueirêdo: A inspiração para o conceito traz o desafio de criar ambientes que reflitam sobre as reais necessidades, sobretudo pelo evidente desejo de retorno às origens, de buscar na ancestralidade e no necessário o equilíbrio entre passado e futuro. Os arquitetos, designers e paisagistas criaram com afetividade a nova identidade do morar. A inspiração para a temática veio a partir da reflexão sobre o mundo tecnológico e contemporâneo. Com o avanço da modernidade, a necessidade de estar sempre conectado, em movimento e em constante mudança, veio também a sensação de instabilidade. Seja pelo ímpeto de acompanhar os passos dessa rápida evolução ou pelo sentimento que brota das consequências que ela causa. O fato é que a CASACOR vem tratando nos últimos anos sobre uma espécie de conexão direta da casa com os nossos valores e a nossa identidade. Os nossos 34 profissionais apresentaram espaços com fatores culturais baseados na memória, criatividade, diversidade e conhecimento.

Frisson: Como foram decididos os projetos para este ano? O que você prioriza nas decisões? 

Neuma Figueirêdo: Os espaços são criados pelos profissionais que convidamos para fazer parte do nosso elenco, nos segmentos de arquitetura, designer de interiores e paisagismo. Realizo sempre um masterplan que delimita quantos ambientes podemos ter de acordo com a disponibilidade do imóvel em que vamos realizar a mostra. Neste ano, conseguimos dividir em 28 ambientes que abrangem morar, segunda moradia, entretenimento e comercial. Minha prioridade sempre é dar ao nosso elenco todas as possibilidades para que possam criar seus espaços com total liberdade. Gosto de me surpreender com as ideias e sempre fico ansiosa pela reação do público ao visitar os ambientes prontos. 
Este ano está surpreendente, além do que imaginamos. Houve uma sinergia grande entre todos.

Frisson: Em 2020, a CASACOR teve de ser adaptada. O Janelas CASACOR trouxe, então, uma nova visão do projeto. O que houve de novo no Janelas que geralmente não há na CASACOR tradicional? 

Neuma Figueirêdo: A CASACOR Ceará sempre pauta suas ações em harmonia com as diretrizes dos órgãos oficiais de saúde, como as secretarias de saúde de Fortaleza e do Estado do Ceará. Em 2020, a mostra precisou se reinventar e apresentou um novo formato: o Janelas CASACOR, que possibilitou a interação dos visitantes com espaços físicos e virtuais, seguindo as orientações de segurança para a saúde de todos. Entre as novidades, tivemos contêineres ambientados com vitrines para a contemplação dos visitantes, além disso, QR codes estão disponíveis para que cada ambiente fosse visitado virtualmente e ainda com a opção de marketplace, acesso a links digitais de cada fornecedor com os produtos presentes nos ambientes.

Frisson: Ainda, o último lar da CASACOR Ceará em seu formato tradicional, a mansão da família J. Macêdo, com um jardim Burle Marx, foi demolida. Como você se manifesta sobre essa demolição? 

Neuma Figueirêdo: Sempre estamos em novos locais que nos permitem realizar edições incríveis em espaços onde normalmente o público não pode visitar. Me sinto honrada em ter tido a oportunidade de apresentar uma casa como a da família de Benedito Macêdo e que por muitos anos foi a sede da holding do Grupo J.Macedo. Tivemos o privilégio de ter a CASACOR neste imóvel por três edições: em 2009, quando o Grupo J.Macedo comemorava 60 anos; 2018, quando a CASACOR Ceará comemorava 20 anos; e em 2019, na comemoração dos 70 anos do Grupo J. Macedo. Foi um local icônico para nós, que ficará sempre na nossa lembrança, mostrando também uma relação forte de gratidão a família do Sr. José Macedo.  Mas entendo que, como um imóvel particular, a decisão de como será utilizado é de quem detém a posse legal do espaço e, como tal, pode ser comercializado. Os custos para manter um imóvel como aquele é altíssimo.

Sempre que possível incentivamos e atuamos para que sejam efetivadas novas utilizações para os locais em que desenvolvemos a nossa mostra, a exemplo da nossa edição de 2007, quando reformamos junto com a Fiec um imóvel antigo tombado pelo Iphan que, após a CASACOR, recebeu o Museu da Indústria e o Passeio Público. Ou em 2016, quando reformamos a Casa do Barão de Camocim em parceria com a Prefeitura de Fortaleza. O imóvel estava sem uso e necessitava urgente de uma grande reforma e restauro e, após a CASACOR, foi equipado e entregue à sociedade um centro cultural importante para nossa Cidade. 

Frisson: Há sete anos, você deu entrevista para a Frisson. Dessa forma, pode dizer quais foram as grandes mudanças do projeto e da sua trajetória profissional entre a última entrevista e esta? 

Neuma Figueirêdo: Acredito que passei por muitas mudanças, mas a principal aconteceu neste último ano. Um período difícil para todos nós, em que passamos por desafios que nunca imaginei que enfrentaríamos. Foram muitas incertezas. Um período desafiador que conseguimos superar e criar novas formas de nos relacionar, atuar e trabalhar. Acredito que estamos conseguindo superar com mais consciência e valorizando o que realmente importa. Acho que isso foi refletido nos nossos espaços na CASACOR Ceará deste ano. Temos espaços que apresentam muita história pessoal dos nossos profissionais, com novas formas de utilização.  

Frisson: Como define o principal objetivo da CasaCor? 

Neuma Figueirêdo: Nosso principal objetivo é de incentivar a cadeia produtiva dos segmentos de arquitetura, decoração e paisagismo do nosso Estado. Conseguimos juntos fortalecer todo o setor, restaurar espaços públicos e históricos de nossa querida Cidade, promover a arte, o artesanato e os criadores de nossa terra e do nosso País. Crescemos e hoje somos referência nacional e, o mais importante, somos um setor unido, essencial para nossa economia.

 

 

 

PUBLICIDADE