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"Lula e o futuro da TV pública", por Ricardo Feltrin


Foto: Divulgação

Como já escrevi em minha coluna de estreia aqui no Frisson Online, nós, que vivemos numa bolha social privilegiada, ignoramos e / ou menosprezamos a importância da TV aberta.

Esquecemos que ao menos 50 milhões de brasileiros estão na linha de pobreza, e mais preocupados em se alimentar do que ficar gravando stories com seus planos de banda larga.

Esquecemos também a responsabilidade que as TVs públicas brasileiras têm de levar programação útil para essas pessoas, seja por antena digital ou parabólica (sim, elas ainda existem aos milhares).

Por isso quero saber, como jornalista de mídia e cidadão, o que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva pretende fazer com a TV Brasil, emissora que o próprio Lula criou em seu segundo mandato.

Hoje são três TVs ligadas ao governo federal: duas TVs Brasil e o Canal Educação (esse, uma criação de Jair Bolsonaro). Sem falar em outras três campeãs de traço de ibope: TV Câmara, TV Justiça e TV Senado (mas sobre essas vamos falar em outra ocasião).

O que me preocupa é que, desde os anos Lula, a TV Brasil tem sido usada como um apêndice governista.

Vá lá, com Lula, nem tanto, embora sua gestão tenha aparelhado a emissora dos pés à cabeça de apoiadores e militantes desde o primeiro dia.

Com Bolsonaro, porém, a vaca foi para o lodaçal. 

As duas TVs se tornaram porta-vozes do dia a dia da presidência e ministérios. Tudo de forma absolutamente “chapa-branca” mesmo.

Vale lembrar que boa parte dos funcionários da TV Brasil são concursados, mas a quantidade de cargos de confiança é impressionante.

Como publiquei há exatamente três anos no UOL, entre outras excrescências, o time de Bolsonaro nomeou, para um cargo executivo na diretoria da emissora pública, um jovem recém-formado, àquela época com um salário de R$ 11 mil.

Não teria nada de mais se o nomeado não fosse absolutamente inexperiente e, graças a nenhuma coincidência, também fosse também filho de um general. 

Lula precisa fazer uma “limpa” nesses quadros e dar um rumo a esse canal de TV, bem como ao Canal Educação, criado após a TV Escola ser sabotada por quatro anos por todos os ministros ou secretários bolsonaristas.

O Canal Educação é um arremedo da TV Escola, dona de um dos melhores conteúdos da TV aberta.

Lula precisa dar um rumo à TV Brasil porque ela também se tornou uma das únicas emissoras do país a exibir programação infantil e educativa.

Nesse sentido, estou otimista: nenhum governo será mais nocivo e pérfido com a Educação do que o que acaba de sair pelas porta dos fundos rumo ao aeroporto.

Mas, só isso não basta.

Será preciso "re-investir" em conteúdo de qualidade e acessível para as pessoas carentes, que só têm a TV aberta como entretenimento familiar.

São essas pessoas que não ficam cancelando e apedrejando os outros no Twitter; postando selfies no espelho do elevador para o Instagram; e tampouco tirando fotos de pratos de comida em restaurantes da moda para colocar no Facebook.

Essas pessoas, esses brasileiros, também merecem uma TV de qualidade. E isenta, antes que eu me esqueça.

Um maravilhoso 2023 a todos vocês, leitores do Frisson Online.

Por Ricardo Feltrin
@feltrinoficial

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