Se atrás do sucesso de grandes empresas há profissionais à altura, não há como ser preciso na resposta. No caso da Normatel, por exemplo, a teoria pode ser comprovada.
Com 27 anos, e oito deles dedicados ao trabalho, o jovem Antonio Mello Júnior se entrega a uma rotina incansável para manter a empresa no pioneirismo do ramo de reforma e construção no Ceará.
Em uma entrevista exclusiva à Frisson, Mello, que se formou em Administração pela Universidade de Fortaleza em 2007, falou da carreira, das dificuldades de manter um negócio familiar e dos êxitos que tornam a Normatel exemplo de qualidade dos serviços prestados e respeito aos clientes. Confira a seguir:
A quê você atribui o sucesso da Normatel no segmento em que atua?
É difícil falar de um único fator, pois, com certeza, o sucesso da nossa empresa vem da combinação de várias apostas acertadas. Irei citar três grandes acertos que realmente contribuíram para tornar a nossa marca a número um no ramo de construção e reforma.
Pioneirismo: fomos os primeiros do Estado a apostar no modelo de Home Center, ou seja, varejo de autosserviço no material de construção e acabamento. Tecnologia: sempre fizemos investimentos pesados em tecnologia para desenvolver nossas operações e controles. Por exemplo, fomos o primeiro varejo cearense a ter controle por código de barras há muito tempo atrás. Parcerias: desde sempre cuidamos com muito zelo das nossas parcerias comerciais. Nossa atividade final é o comércio, portanto tão importante quanto o nosso cliente é o nosso fornecedor.
.jpg)
Quais as principais características de uma empresa familiar? De que forma a direção da empresa pode evitar os conflitos no ambiente de trabalho?
Acredito que a empresa familiar tem grandes vantagens, que, se bem trabalhadas, podem ser um grande diferencial. Uma delas é a velocidade na tomada de decisão. Hoje em dia, isso é muito importante. Divergências irão sempre acontecer, por isso sou a favor de uma governança o mais profissional possível. Por menor que seja a empresa, acredito que estruturar um conselho com a família e profissionais de fora para discutir os rumos e colocar na mesa os conflitos é muito válido.
Quais as vantagens e as desvantagens de se manter um negócio em família?
A vantagem é trabalhar em um negócio que você é dono junto com sócios com quem você confia e que estão com um objetivo comum ao seu, que geralmente é fazer a empresa crescer gerando receita. A desvantagem é que a relação familiar fica mais exposta por estar também relacionada ao trabalho. Portanto, tudo tem que ser muito transparente e debatido com muita ética e sempre focando no melhor para empresa e nunca os interesses pessoais.
.jpg)
Qual área de maior dificuldade de atuar em uma empresa familiar?
Acredito que a área financeira seja a mais complexa, já que é lá é onde estouram os maiores problemas de uma gestão ou decisão mal feita.
Qual a importância da mídia televisiva para o êxito da empresa?
Acredito que a televisão é e ainda será por muito tempo a mídia com maior impacto e alcance. No nosso caso, que trabalhamos também forte no comércio, a TV é crucial para divulgarmos aos clientes nossos diferenciais e novas ofertas em um cenário cada vez mais competitivo.
São 5 lojas em Fortaleza e uma em Juazeiro do Norte. Como faz para fidelizar a clientela e conquistar mais público?
Se eu soubesse responder essa pergunta, ficaria muito feliz. No entanto, temos uma ideia de um conjunto de fatores que fazem o cliente voltar à nossa loja e comprar mais. Em uma relação de importância, eu diria que nesta sequência: loja com localização, conforto, limpeza; estacionamento; atendimento; mix inteligente de produtos e marcas; preço; e marketing, a força de marca.
Como se dá o processo de renovação de produtos comercializados na Normatel?
Faço parte da equipe de compras que está sempre antenada com as última novidades. Visitamos feiras no Brasil e exterior, bem como ouvimos atentamente as novidades que nossos parceiros trazem. Fazemos benchmarking, visitamos diversas lojas para ver as novas apostas e o que está fazendo sucesso. A compra bem feita é o segredo do comércio, sem isso não tem marketing ou loja bacana que dê jeito.
Como a empresa dribla as estratégias da concorrência?
Tentamos estar à frente dos movimentos dos concorrentes sempre com muito fair play. Acreditamos que a concorrência é o que nos movimenta e que nos faz trabalhar com obstinação para sempre melhorar. Portanto, a concorrência é de uma importância tremenda neste ciclo. A competição é o nosso vício e, no final, todos ganham.

São 36 anos atuando na venda de produtos que podem ser utilizados em qualquer compartimento de um lar. Quais as dificuldades superadas nessa trajetória e quais desafios a empresa contorna atualmente para manter os resultados positivos?
Primeiro, que para ser empresário sério no Brasil, você precisa ser um herói e um pouco doido também. Toda a política do País é focada para a mediocridade. A dificuldades são muitas e diárias. Para elencar três grandes problemas, eu diria que o caos tributário, a legislação trabalhista e a informalidade são hoje nossos maiores inimigos.
Há algum planejamento para abrir filiais fora do Ceará?
Hoje, não existe esse plano.
Diante dos números desfavoráveis da economia nacional e global, de que maneira a Normatel driblou esse contexto?
A gente aproveita esses momentos de baixa para focar em melhorar nossa operação. Fazer mais e melhor com menos. Também é um momento para refletir sobre os próximos passos e estruturar as finanças.
.jpg)
São três empresas no Grupo: Home Center, Engenharia e Incorporações. Quais as especificidades administrativas e gerenciais de cada uma delas?
São três empresas com atuações bem distintas, portanto gestões diferentes. Aproveitamos a parte administrativa de apoio para as três empresas como setor financeiro, contabilidade, controladoria, RH, TI para ganhar alguma sinergia.
Há algum livro que tenha chamado sua atenção recentemente?
O livro “Sonho Grande”, que conta a trajetória do trio de empresários Jorge Paulo Lemman, Marcel Telles e Beto Sucupira, que é hoje o grupo empresarial melhor sucedido na história do capitalismo brasileiro. Li esse livro no avião, viajando de São Paulo para Boston. O livro deixa várias mensagens, muitas delas não são nenhuma novidade. São pura matemática, mas que eles tiveram coragem e desprendimento de colocar em prática antes de todo mundo. Outras lições são mais complexas e mexem com o psicológico humano. Coisa de gênio. A minha geração de empresários já compartilha vários desses ensinamentos básicos, como a meritocracia, por exemplo.
E sua experiência em Harvard, como foi?
Além do objetivo secundário de melhorar minhas habilidades na língua inglesa, a experiência em Harvard serviu para lembrar como a cultura americana é fantástica. Para mim, criticar os Estados Unidos é um grande contrassenso. É como dizer que o Messi é um péssimo jogador de futebol. Nada é por acaso! Se há 50 anos eles são a maior potência do mundo, é porque fizeram muito bem o dever de casa, apesar de alguns tropeços e atropelos que conhecemos. Nada menos que 14 universidades americanas estão no ranking recente das 20 melhores instituições de ensino no mundo. As cinco primeiras são todas americanas, sendo, a primeira, desde sempre, Harvard.
É nítida sua admiração pelos Estados Unidos. A quê se deve tudo isso?
É o país que mais investe em educação de alto nível, que mais cria patentes e tem o maior número de Prêmios Nobel. Nos 50 dias que fiquei em Harvard, possivelmente li e escrevi mais do que em três anos de faculdade aqui no Brasil. Os valores da sociedade americana são pautados na meritocracia, na livre iniciativa, no cumprimento das regras, leis e respeito aos contratos. O sucesso lá é algo que as pessoas se orgulham e aplaudem.
Há algum empresário brasileiro que você tenha se surpreendido recentemente?
O inoxidável Silvio Santos, de bermuda e camisa florida, em cima de um palco falando sobre o que ele aprendeu em seus 80 anos de vida e cuja lição podemos sintetizar na frase: “o que vale na vida são a família e os amigos, o resto é troféu”. Não há nada de errado em conquistar troféus, pelo contrário. Mas, depois de conquistados, eles não servem para nada, apenas para lembrar que você foi bem sucedido.
Por fim, qual a contribuição que você espera deixar para a história da empresa?!
Espero dar sempre o meu melhor e fazer por merecer a confiança que me foi depositada pelos sócios da empresa. Espero ser um bom profissional e sempre fazer o melhor para empresa sem se preocupar com o que as outras pessoas irão falar ou pensar de mim.
Confira mais entrevistas em nossa coluna
Foto: Lino Vieira