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"Reality show: Como um gênero de programa virou praga", por Ricardo Feltrin

Foto: Reprodução

Vamos começar este texto com uma afirmação que muita gente não vai acreditar:

Você sabia que os reality shows representam só 1% da programação da TV aberta?

UM POR CENTO!

Esse índice, que foi calculado pela Kantar Media, parece inacreditável porque a gente passa o ano todo ouvindo as pessoas falarem de “BBB”, “A Fazenda”, “Masterchef”, “The Voice” ou de outro reality que o valha.

Então como pode um gênero de programa que ocupa só 1% das grades das TVs ter tanta reverberação (e, para muita gente, incomodar tanto)?

A resposta é simples: essa reverberação acontece nas redes sociais muito mais que diante dos aparelhos de TV.

Diante da TV aberta, os brasileiros ocupam cerca de 4% de seu tempo assistindo a realities (contra 9% de tempo gasto com programas de auditório, por exemplo).

O “BBB” deste ano, por exemplo, registrou uma média de 22 pontos de ibope na média nacional (Painel Nacional de Televisão). Cada ponto equivale a cerca de 260 mil domicílios, tendo uma média de 3 moradores.

Vamos fazer a conta rápida (260 mil x 22 x 3), chegamos a 17 milhões de brasileiros (nas 15 maiores regiões metropolitanas), que assistiram, em média, a cada episódio do reality show de confinamento na TV aberta (a Globo não revela dados de audiência no Globoplay). 

Nada mal, embora já tenha sido quase o dobro de público há 20 anos. 

Por outro lado, no ano passado, apenas o Twitter registrou cerca de 400 MILHÕES de postagens sobre o “BBB”.

O "Big Brother Brasil" é simplesmente o "assunto" mais tuitado DO MUNDO.

Vejam, estou falando apenas de Twitter. Porque qualquer pessoa que tenha um perfil nas redes sabe que a febre se espalha de forma semelhante no Facebook e também cresce ano após ano no Instagram. 

Se você, leitor do Frisson Online, não gosta de “BBB” ou de “A Fazenda” (como eu, a propósito), pode até mudar de canal e não assistir.

Mas, não vai conseguir se livrar nem dos milhares de posts nas redes sociais; e tampouco fugir dos amigos comentando, excitados, sobre a asneira machista que o Chico Pinguela disse ontem na casa; ou do barraco que a MC Marreta aprontou, bêbada, na festa; ou ainda sobre o chilique que o Ronnie Calango teve na prova de resistência (nomes fictícios, gente).

Nenhum gênero de programa –nem mesmo a novela– jamais conseguiu se tornar tão onipresente nas nossas vidas, independentemente de a gente querer ou não.

Mais curioso é que, esse gênero, de brasileiro não tem nada. 

99% dos reality shows exibidos hoje na TV aberta ou paga no país são formatos comprados do exterior.

Em tempo, faltam apenas três meses para começar “A Fazenda”.

Nããããããããããããoooooo!!!

Por Ricardo Feltrin
@feltrinoficial

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