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Com uma história que reflete as transformações urbanas, culturais e sociais em Fortaleza, a Praia de Iracema foi originalmente conhecida como Praia do Peixe, devido à presença de comunidades de pescadores e jangadeiros. A região era marcada por uma forte tradição marítima e por uma vida simples ligada ao mar. Em 1925, buscando uma identidade cultural mais marcante, a localidade foi rebatizada como Praia de Iracema, em homenagem à personagem do romance homônimo de José de Alencar, símbolo do Ceará.
A partir da década de 20, a Praia de Iracema começou a atrair a elite fortalezense, que construía casas de veraneio na região. Um exemplo notável é a Vila Morena, residência da família Porto, construída entre 1920 e 1925, que mais tarde se tornaria o famoso Restaurante Estoril. Essa transformação marcou o início da urbanização do bairro, que passou de uma vila de pescadores para um espaço de lazer e cultura.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Estoril foi arrendado pelas tropas americanas e transformado em um cassino, o U.S.O. (United States Organization), frequentado por soldados e pela sociedade local. Esse período trouxe uma atmosfera cosmopolita à Praia de Iracema, consolidando sua fama como reduto da boemia e da vida noturna de Fortaleza.
A construção do Porto do Mucuripe na década de 40, no entanto, provocou alterações nas correntes marítimas, resultando no avanço do mar e na diminuição da faixa de areia da praia, impactando a paisagem local e a vida dos moradores e frequentadores da região.
Nas décadas seguintes, especialmente durante o regime militar (1964–1985), a Praia de Iracema tornou-se um ponto de encontro para artistas, intelectuais e militantes políticos. Apesar de enfrentar um período de decadência, com ocupações irregulares e abandono de imóveis históricos, a comunidade local resistiu e lutou pela preservação do bairro. Em 1991, foi apresentado um projeto de urbanização da área costeira, visando revitalizar a região.
Nos anos 2000, a Praia de Iracema passou por um processo de revitalização, com a implementação de equipamentos culturais como o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, o Porto Iracema das Artes e a Biblioteca Pública Estadual. Esses espaços contribuíram para o renascimento cultural do bairro, que voltou a ser um polo de arte, música e eventos, atraindo tanto moradores quanto turistas.
Por tudo isso, a Praia de Iracema é reconhecida como um símbolo da memória e da resistência cultural de Fortaleza. Com sua rica história, arquitetura preservada e efervescente vida cultural, o bairro continua a ser um espaço de convivência e celebração da identidade cearense, mantendo viva a essência de suas origens e adaptando-se às transformações do tempo.