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A taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Ceará chegou a 76,94%, de acordo com dados do IntegraSUS da manhã desta terça-feira, 26. A taxa aumentou em comparação à semana passada, que havia registrado 72,08%, e em relação aos meses de outubro a dezembro, quando estava estabilizada a cerca de 60%.
Em nota enviada à Frisson sobre os casos, a Secretaria de Saúde indicou que está “ciente da necessidade de mais leitos para atendimento aos pacientes Covid-19 devido ao incremento de casos no Estado” e que, nos próximos 15 dias, irá acrescentar 211 leitos destinados ao tratamento da doença no Ceará.
As regiões de saúde que terão esse aumento são: Fortaleza (que passa de 181 para 343, um aumento de 162 leitos), Cariri (de 93 para 112) e Sertão Central (de 20 para 50). Já Sobral seguirá com 60 leitos e o Litoral Leste continuará com 10.
Em Fortaleza, todos os 24 leitos de UTI Infantil destinados à Covid-19, disponíveis no Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), estão ocupados. Em dezembro, a Capital contava apenas com oito leitos, dos quais seis estavam sendo usados. Mesmo com o aumento na quantidade, a taxa ainda sim chegou a 100%.
Na mesma nota, a Secretaria de Saúde confirmou o aumento de pacientes positivos e indicou que os leitos destinados à Covid representam 12,5% do total do Hospital. “Por ser hospital de referência, o Hias atende doenças graves e crianças que já têm comorbidades e maior risco de agravamento. A unidade recebe pacientes pediátricos de todo o Ceará. Todas as crianças diagnosticadas com Covid estão sendo devidamente assistidas e recebendo tratamento adequado em ala isolada”.
O Hospital Albert Sabin recebe crianças a partir de 3 anos e conta com parceria do Hospital Infantil Filantrópico (Sopai).
Coronavírus na população infantil
Segundo o pediatra Dr. Robério Leite, prof adjunto de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFC e coordenador do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Cearense de Pediatria, a área pediátrica foi a que mais respeitou o isolamento nos primeiros momentos da pandemia, impactando diretamente no baixo número de infecções. Da mesma forma, o risco de complicações em criação é menor. Entretanto, apesar desses fatores, o aumento dos casos no Ceará também refletiu na parcela infantil.
“Os casos graves nas crianças ocorrem, ou por complicações pulmonares, seja pela ação direta do próprio vírus, ou infecção bacteriana secundária, levando à insuficiência respiratória, semelhante ao observado nos adultos, ou, por uma condição específica das crianças, a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica, caracterizada pela tendência à disfunção cardíaca, de gravidade variável, que pode levar ao choque, situação que requer muita agilidade no reconhecimento e tratamento”.
Apesar dessa ideia, o doutor indica não crer que a volta às aulas seja exatamente o motivo do aumento de casos em crianças. Segundo ele, estudos demonstram que “a taxa de transmissão nas escolas (pré-escola e fundamental) não é muito relevante”. Para ele, a falta dos cuidados básicos em relação à pandemia, como o uso da máscara e a higienização das mãos, resulta no aumento das internações. “O que estamos observando agora é um fenômeno esperado: com maior exposição, aumentam as infecções entre as crianças e, consequentemente, o número absoluto de casos graves em crianças também aumenta”.
Avanço da pandemia
O anúncio de aumento de leitos foi feito na semana passada, em coletiva feita pelo Governo do Ceará. Nela, o governador Camilo Santana (PT) também anunciou mudanças no decreto estadual vigente, indicando um maior rigor nas fiscalizações de bares e restaurantes e o fechamento de áreas de lazer de condomínios de praia. No fim de semana, entre os dias 22 e 24 de janeiro, a Polícia Militar (PM) fechou 497 estabelecimentos no Ceará, dos 977 fiscalizados.
Também na semana passada, Fortaleza se encontrava entre as cidades com “risco altíssimo” em relação à Covid-19. Na manhã desta segunda, 25, a Cidade já havia retornado ao “risco alto”, que é o terceiro nível da escala da Secretaria de Saúde (Sesa).