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Diretora do Mirante de Teatro, Hertenha Glauce fala sobre importância do grupo para teatro cearense

Trabalhando como atriz e depois como diretora, Hertenha atualmente é diretora do Grupo Mirante de Teatro da Universidade de Fortaleza (Unifor), e conversou com a Frisson. Confira

Foto: Lino Vieira

Arte-educadora cearense, a atriz e diretora Hertenha Glauce começou sua relação com o teatro aos 8 anos, no palco na Escola Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro Rodolfo Teófilo. De lá, foi maturando sua paixão por essa arte até começar a fazê-la de forma profissional. 

Trabalhando como atriz e depois na direção, Hertenha atualmente é diretora do Grupo Mirante de Teatro da Universidade de Fortaleza (Unifor), e conversou com a Frisson sobre o teatro cearense e sua trajetória nesta arte. Confira:

Frisson: Como começou sua relação com o teatro? Se lembra do seu primeiro contato? 

Hertenha Glauce: Meu primeiro contato com teatro e o palco foi na Escola Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro Rodolfo Teófilo, aos 8 anos, quando participei do musical "Os Saltimbancos Trapalhões". Depois de mais alguns anos, me reencontro com o teatro no grupo de jovens Javé, na paróquia Nossa Senhora de Salette, na Bela Vista, onde recomeço a fazer teatro, na juventude, com a turma de crismandos, na qual eu era uma das coordenadoras. Tudo de forma muito amadora. Só na idade adulta passo a fazê-lo de forma profissional.

Frisson: Você já fez diversos cursos de teatro, arte dramática, e outros temas, inclusive em Portugal. Pode resumir um pouco sua trajetória no teatro? 

Hertenha Glauce: Sou formada pelo Curso de Arte Dramática (CAD ) da Universidade Federal do Ceará (UFC), participei da Escola Internacional de Teatro da América Latina e Caribe (EITALC ) e diversos cursos, ao longo dos anos de formação. Tenho Especialização em Arte e Educação pelo Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Ceará (IFCE), Mestrado em Arte e Educação pela Universidade Aberta (UAb ), de Portugal. Ambos com linhas de pesquisa em Teatro.

Frisson: Você começou a estudar teatro em 1993, certo? Acredita que o teatro brasileiro mudou muito desde então? 

Hertenha Glauce: Em 1993, entrei para o CAD (Curso de Arte Dramática), curso de Extensão da UFC, e daí pra cá, não parei mais. Por isso, estabeleço o início da minha contagem profissional, neste ano, há 29 anos.

Frisson: E sobre o teatro cearense. Ele tem alguma particularidade, alguma característica que o faça ser reconhecido?

Hertenha Glauce: Uma das particularidades do Ceará em relação a outros estados do Brasil, em especial do eixo Sul-Sudeste, é o trabalho de grupo. Em outras regiões do Brasil, prima-se por elencos formados para montagem de espetáculos. Aqui, há um trabalho contínuo, pois há grupos que se mantêm em constante formação, com encontros regulares, independentemente de estarem ou não montando espetáculos. Há um fortalecimento muito grande nas relações e nas pesquisas. Muito.

Frisson: Antes de assumir a direção, você fez parte do elenco, certo? Pode falar um pouco sobre sua atuação nos palcos? 

Hertenha Glauce: Comecei como atriz, como a maioria dos diretores teatrais. Fiz alguns espetáculos, temporadas em outros estados, o que foi essencial para que eu pudesse entender os atores, quando num processo de criação de espetáculo. Montei um espetáculo a convite do Ricardo Bessa, ex- diretor do Grupo Mirante para fazer para do elenco da peça "As Anjas". Foi um sucesso! Muitas temporadas, muitos prêmios e o nome do grupo em destaque. A partir daí, comecei minha trajetória com o Mirante. A seguir, comecei a dividir com Ricardo Bessa a condução do grupo em alguns momentos, a pedido dele. Após seu desligamento para estudar fora, abriu-se a seleção para vaga de diretora do grupo e tive a honra de ser aprovada e já assumi a direção em 2001. Em 2002, a minha estreia como diretora, com texto do dramaturgo cearense Ricardo Guilherme. Em 2003, a Universidade de Fortaleza adapta, com todo o carinho e cuidado, o auditório e o transforma no Teatro Celina Queiroz e nós, Grupo Mirante temos a honra de inaugurá-lo com a peça "Viúva, Porém Honesta", do grande dramaturgo brasileiro, Nelson Rodrigues.

Após assumir a direção, me faltou tempo para atuar, mas não desisti. Vez ou outra me pego em algum processo como atriz.

Frisson: Você é diretora do grupo Mirante da Unifor. Pode contar sua história no grupo? 

Hertenha Glauce: Acho que está contemplada a resposta na questão anterior. Mas acrescento. Fiquei de 2001 a 2010, quando casei, fui morar na Holanda e fazer mestrado em Portugal. Cinco anos depois, volto à convite de Randal Martins Pompeu, vice-reitor de Extensão da Unifor, com quem trabalhei desde 2001 (entramos juntos na Extensão), para reassumir a direção do Grupo, onde estou até hoje.

Frisson: Agora que passou pelos dois lados, o que prefere: direção ou atuação? 

Hertenha Glauce: Eu me vejo mais como diretora, mas não deixei de gostar ou querer atuar.

Frisson: Voltando para as características que você falou do teatro cearense. O Mirante possui essas características?

Hertenha Glauce: Mirante é a cara desse processo grupal. Estamos sempre fazendo algo, mesmo sem termos um espetáculo para aprontar. Nossos encontros são regulares, duas vezes por semana. Quando não estamos ensaiando alguma peça, fazemos aulas diversas, como: voz, dança, formação técnica em escrita dramatúrgica, iluminação. Nunca paramos. Entendemos que a formação é contínua e constante. Além de sempre nos aventurarmos em formações diversas para compor melhor nossos espetáculos. Já tivemos aulas de piano, de voz, de canto, de uso e manuseio de espadas, de dança, de acrobacia aérea. Enfim, a formação e a reciclagem fazem parte de todo processo em grupo.

Frisson: Qual é o papel do Mirante para a cultura de Fortaleza? E como acredita que ele beneficia a Unifor?

Hertenha Glauce: Nosso papel enquanto artistas é poder trazer reflexões acerca do nosso trabalho. A cada peça que vamos montar nos perguntamos: Qual o nosso discurso? O que queremos dizer com esse espetáculo? Essas questões são ponto de partida para criarmos nossas peças, defendermos nossos argumentos e acima de tudo, refletir e lançarmos questões. O benefício da Unifor assim como pra nós, Grupo Mirante, é a visibilidade que o reconhecimento do nosso trabalho propicia.

Frisson: Além do Mirante, quais são suas outras atuações acadêmicas e profissionais? 

Hertenha Glauce: Sou professora de teatro do Colégio Christus, dirijo ainda o Grupo ELAS de Teatro, que procura trazer para os espetáculos, personagens, dramaturgas e temas do feminino e ainda sou sócia fundadora de uma trupe de contação de histórias, a "Trupe Era Uma Vez".



 

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