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Com foco na sustentabilidade, Cerbras tem gestão familiar e humanizada; veja entrevista

Mariana Mota, que há 21 anos participa da empresa, conversou com a Frisson e contou um pouco sobre sua história, valores e expectativas. Confira a entrevista

Da esquerda para direita, Isabel, Ticiana, Ana Lúcia, Mariana e Felipe Mota. Foto: Divulgação

Com uma direção familiar que já alcança três gerações e a liderança do Nordeste no mercado de cerâmica, a empresa Cerbras, mais do que o porcelanato, tem uma história para contar. Há 30 anos no mercado nordestino e visando o crescimento pioneiro e uma gestão humanizada, e empresa teve como porta voz a arquiteta e empresária Mariana Mota, responsável pelos setores industrial, comercial e marketing. 

Mariana Mota, que há 21 anos participa da empresa, conversou com a Frisson e contou um pouco sobre sua história, valores e expectativas. Confira a entrevista:  

Frisson: Pode contar um pouco sobre a história da empresa? 

Mariana Mota: A Cerbras foi fundada em 1990 pelo meu pai, José Tarcísio Mota Sá. Ele era empresário de um setor de revenda de materiais de construção civil. Ele tinha lojas. Mas o sonho do meu pai era ser industrial. Ele tinha indústria de tinta, de vidro, e acabou enveredando para o ramo cerâmico. São pouquíssimas empresas no Nordeste. É um investimento muito grande, precisa de muito conhecimento, e ele conseguiu. primeiro foi sócio de umas empresas do Sul e aí conseguiu trazer essas tecnologias para o Ceará. Na época, minha mãe trabalhava com ele, mas a minha mãe, Ana Lúcia Bastos Mota, não participava de um cargo de gestão, ela dava um apoio a ele. Uns anos depois, em 1994, meu irmão, Felipe Mota, que tinha 18 anos, começou a trabalhar em fevereiro. Aí em novembro de 1994, infelizmente, meu pai faleceu, a empresa ainda estava engatinhando e a minha mãe teve que assumir junto com meu irmão.

Foram anos muito difíceis, passamos por muitos altos e baixos, e aí, em 2000, a empresa começou a dar um resultado melhor e minha mãe convidou eu e minha irmã, Ticiana Mota, para virmos trabalhar, para fazer a ampliação. Nós, duas arquitetas, fomos fazer os projetos e cada uma foi se adequando em uma área da empresa Eu acabei indo para a área comercial, e depois industrial, e a Ticiana ficou no administrativo. Trabalhamos a família toda junta desde 2003. Minha sobrinha hoje, filha da minha irmã, a Isabel Mota, já trabalha com a gente, a empresa então entra na 3ª geração. Uma coisa que nos motiva muito é que era um sonho do papai e como esse sonho nos manteve unidos.

Frisson: Hoje, a empresa é comandada por quem? Quais são as áreas de cada um? 

Mariana Mota: Hoje a empresa é comandada pela minha mãe, na presidência; Felipe no financeiro, logística e TI. Ticiana no administrativo, RH; e eu na parte industrial, comercial e marketing. O Felipe inclusive me dá apoio no industrial. A Isabel, minha sobrinha, trabalha no comercial comigo. 

Frisson: Quais são os desafios de participar de uma empresa familiar?

Mariana Mota: Acho que é a questão da profissionalização. Você entende que são diretores, todo mundo querendo melhorar a empresa. Eu e meus irmãos,  a gente respeita e admira um ao outro. Se eu tenho uma decisão grande para tomar, eu chamo os dois, peço conselhos, eles também, então temos uma gestão muito participativa, com muito respeito, amor e admiração. 

Mariana Mota. Foto: Divulgação

Frisson: E quais são as facilidades de trabalhar com a família? 

Mariana Mota: É você conhecer por fundamento o outro, o seu sócio. Acho que existe um espírito de união muito grande, não existe competição entre nós, é realmente para somar. Um ajuda o outro. 

Frisson: A empresa conseguiu um novo reconhecimento. A que vocês devem essa colocação no Great Places to Work? 

Mariana Mota: A minha mãe sempre teve uma gestão muito embasada nas pessoas. Desde os tempos difíceis, logo após a morte do meu pai, ela sempre premiou e valorizou muito os colaboradores Temos colaboradores desde a época do meu pai, gente jovem. A gente sempre procurou ter uma gestão muito humana, muito participativa, com muito respeito. Aqui a gente não gosta que as pessoas falem alto, ou sejam ríspidas. A gente acredita na conversa e principalmente nas pessoas felizes. 

Essa colocação no GPTW, a gente acredita que foi algo natural, da nossa natureza. Não foi uma coisa montada para ganhar um prêmio. Isso se deve realmente ao clima da empresa. A gente tem colaboradores que vieram de outras empresas que comentam isso, como a qualidade daqui é uma coisa bacana. Para isso, é uma coisa muito importante. Aí o clima fica leve, todo mundo fica feliz, motivado para correr atrás das metas e desafios. A gente valoriza e reconhece isso. E são as pessoas que fazem as empresas. Os equipamentos são iguais, então são as pessoas que fazem as empresas. 

Frisson: Pode nos falar de outras conquistas da empresa?

Mariana Mota: Nós somos a maior empresa de produção do Nordeste. Estamos em processo de mais uma ampliação e com ela vamos ficar entre as cinco maiores do País em produção. Acreditamos muito em sustentabilidade, todos os nossos processos são focados na preservação da natureza, desde a extração das argilas, onde a gente tira no sertão dos estados e termina a extração deixando açudes para as comunidades. A gente faz um reflorestamento no entorno. E aqui na fábrica a gente aproveita 100% da água, até a água do esgoto é reaproveitada. E rejeito de outras indústrias a gente coleta. E aqui da fábrica só sai água limpa. Inclusive, estamos em processo para buscar o [selo] ISO 14000. 

Frisson: Há poucas fábricas de cerâmica no Nordeste. Como o pouco número influencia no mercado? 

Mariana Mota: Essa é uma realidade. Existem poucas no Nordeste e geralmente são empresas de mais de 20 anos, porque é um investimento muito grande, os equipamentos são importados, o terreno é muito grande, acaba que o capital imobilizado é substancial. Para você fazer o porcelanato de cerâmica você precisa de muito conhecimento técnico. É uma mágica entre as jazidas de matéria-prima juntamente com os esmaltes, com a velocidade dos fornos… Mesmo as do Sul e Sudeste são empresas muito antigas. Você não vê novos empreendedores nesse ramo. 

Frisson: A empresa está em outros países, sim? Pode nos dizer quais?

Mariana Mota: Estamos em mais de 30 países, em muitos da América Central, América do Sul, em alguns da África e nosso mercado é o Estados Unidos. 

Frisson: Quais são os valores, visão e missão? Como eles dialogam com a própria fábrica? 

Mariana Mota: Nossa missão é fazer parte de um sonho. A gente entende que uma pessoa, mesmo optando por reformar sua casa, é um sonho. Ela se prepara para isso, envolve toda a família. A gente acaba fazendo parte da vida das pessoas, desse sonho. E fazer parte de um sonho, a gente entende também que é o sonho dos nossos colaboradores. São mil colaboradores, fora os indiretos, e a gente fica muito feliz de causar impacto na vida das nossas pessoas. 

A visão, a gente almeja ser uma empresa global no segmento cerâmico, no sentido de importação, com reconhecimento pela qualidade do nosso produto, valorizando as pessoas envolvidas, sempre. 

E os nossos valores, que são nossa essência, desde a época do meu pai, é que somos éticos - valorizamos e respeitamos as pessoas -, somos sustentáveis - fazemos qualidade - e somos extremamente comprometidos. Esses valores nos definem, nossa equipe é muito engajada, muito correta, a gente tem muito orgulho. 

Frisson: Como a empresa lida com a pandemia? Quais foram as maiores mudanças de março para agora? 

Mariana Mota: Todo o mundo teve um impacto muito grande. Foi a primeira vez, em 30 anos de empresa, que nós paramos. A retomada, a gente teve muita preocupação, muitos protocolos, cuidados com nosso colaborador. Nossos mais de mil colaboradores, não perdemos ninguém. Apenas um de nossos colaboradores foi internado. A gente conseguiu administrar quem ficava doente, ficava em casa. Ai nosso número de pessoas contaminadas foi super pequeno e a gente tomou várias ações, mudou o refeitório, mudou o transporte. A gente tem uma rota e mudamos também muitos protocolos. 

Frisson: Quais as expectativas e objetivos em 2021?

Mariana Mota: Vai ser um grande ano para a Cerbras. É o ano que estamos fazendo um grande investimento de mais de R$ 170 milhões. Estamos comprando uma linha, o que existe de melhor e mais moderno no mundo em produção de porcelanato. Vamos fazer porcelanato em grandes formatos. Vamos inclusive contratar novas pessoas, então ficamos felizes de contribuir positivamente. Estamos felizes com esse novo momento, muita responsabilidade, muito pé no chão. Mas a gente acredita que o Nordeste precisa de uma fábrica que produza nesse formato. 

 

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