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Uma questão ética

Nas relações entre pessoas, localizam-se as maiores dificuldades de superação, mas todas elas têm início, logo cedo, no recôndito mais escondido de cada ser humano, a saber, no seu coração. Se teu coração, a certos conteúdos, não estiver afeiçoado, e, acerca de outros, não tiver superado, conflituosas, pois, serão sempre as tuas relações com o que mais próximo de ti estiver. Por isso, é custoso para ti, por vezes, imaginar que algo que poderia ter sido diferente e que, para além do que quiseste ou imaginaste, veio a se dar, mesmo que, por vezes, pegues-te dizendo assim: “Se dependesse de mim, seria diferente do que tem sido”.

Para não acontecer que venhas amanhecer sem ter ainda anoitecido, para que o desejo de superação não resulte em frustrações reiteradas por conteúdos novamente não superados, para que não te fixes no culto ao passado, negando-te olhar em foco para o que há em frente e ao teu lado, para que, em razão disso, não desistas do possível, malgrado o imprevisível, considera o exato momento que estás vivendo. Este tempo é entrecruzamento destes momentos: o que foi e o que está sendo; e de ambos depende o que está em vias de se dar. O espaço onde algo se passará, diferentemente, do que tem sido, ao menos em vista do possível, acontece, neste exato momento, a depender do posicionamento que, face aos apelos da própria vida, hás de tomar. Se tu apenas deixares que as coisas venham se desenrolar, o que significa deixar acontecer da forma como a outros, em suas circunstâncias ou interesses, bem aprouver, constituir-se-á numa matriz de insatisfações, ânsias, que bem algum a ti ou a outrem trará. Bem vale entender que, mais importante do que saber é ter as condições de evitar acontecer o que desestabiliza.

Não vindo isso a acontecer, razões até poderás encontrar para culpabilizar a ti ou a outros por aparentes fracassos e novamente dizer “se dependesse de mim”
ou até “eu não entendo porquê”. Afinal de contas, não se trata de entender, pois, em algum ponto, tu sabes de há muito como já deverias ter procedido ou como ainda tens de proceder. Todavia, insistes nos mesmos pontos e por quê tanto? Por que cultuar a dor ou cultuar o pranto? Se poderia ter sido diferente, então toma a decisão ao menos de considerar as reais possibilidades de tornar o possível em algo real a ser efetivado. A palavra é superação. Supera-te, primeiramente, administra-te conscientemente. Saberás, então, administrar e superar, nos limites de tua realidade, toda e qualquer situação que te vier pela frente.

Por Padre Airton Freire

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