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Entenda por que o preço da gasolina vem aumentando em todo o País

O preço é resultante principalmente do valor do petróleo, da valorização do câmbio, de impostos estaduais e federais, da margem de revenda e do valor do etanol anidro

Foto: Folhapress

Com a sexta semana seguida registrando aumentos no Ceará, o valor da gasolina vem crescendo não só no Estado, mas em todo o País. O assunto, além de doer no bolso dos brasileiros, vem levantando dúvidas sobre o porquê desse aumento ser tão frequente, a quais fatores se deve esse crescimento e qual a expectativa para um retorno à "normalidade".

Resultantes do preço do petróleo, da valorização do câmbio, de impostos estaduais e federais, da margem de revenda - ou seja, uma quantia decidida pelos postos de gasolina - e do etanol anidro, os valores da gasolina aumentaram mais de 8% em 2021, e a tendência é ainda continuar subindo. 

Composição do preço da gasolina

A gasolina dos postos de combustível é uma junção de gasolina com etanol anidro, uma porcentagem de 73% e 27%, respectivamente, segundo informações da Petrobras. O valor final é, então ,resultado da distribuição e coleta (10,4%), custo do Etanol Anidro (16,1%), o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS, de caráter estadual), os tributos federais PIS/Pasep e Cofins (12,7%) e, por fim, realização da Petrobras (33,9%). 

As porcentagens, voláteis, dizem respeito à coleta entre 28 de fevereiro e 6 de março de 2021, e foram tiradas de infográfico da Petrobras. 

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Fatores que levaram ao aumento

Segundo Guilherme Ventura, especialista em Economia do UniAcademia, são dois os fatores principais que influenciaram o aumento recente. O primeiro diz respeito ao preço do barril do petróleo - matéria-prima utilizada para a gasolina - no mercado internacional. Por serem commodities internacionais - ou seja, matérias primas de comercialização global - tanto a  gasolina quanto o petróleo seguem os valores do mercado mundial, não sendo exatamente restritos ao Brasil. No País, a principal produtora de gasolina é a Petrobrás, empresa de capital aberto - cujo maior acionista é o Governo do Brasil - e proprietária de refinarias e petroleiros.

“No Brasil estamos no auge da pandemia e esperamos que passe rápido, mas no resto do mundo já está havendo uma recuperação da atividade econômica, e essa recuperação acaba levando uma subida das cotações, porque começa a ter maior procura do petróleo para geração de energia”, ressalta o economista, indicando que esse aumento mais chamativo é relativamente recente, tendo iniciado ao final de 2020. 

Um fator que, apesar de não ter se sustentando, mas que teve um impacto nos valores do câmbio diz respeito à interferência feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na gestão da Petrobras, acentua o economista. O presidente indicou o general Joaquim Silva e Luna como novo presidente da estatal, substituindo o antigo gestor, Roberto Castello Branco, que foi alvo de críticas de Bolsonaro. O caso “teve um impacto no dólar nos dias pelo aumento do risco de implementação de medidas populistas sem sustentabilidade na economia”, acrescenta Ventura. 

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O segundo fator principal diz respeito ao valor do dólar, visto que os barris são vendidos pelo valor da moeda. Dessa forma, a mudança do câmbio e a desvalorização do real também influenciam diretamente com o preço encontrado nas bombas de gasolina. 

“É a relação que a gente tem com a moeda estrangeira dependendo do que está acontecendo com entrada e saída da moeda estrangeira no Brasil. Então essa insegurança que a gente está vivendo, taxa de risco muito alta, o País muito em meio a dificuldades no gerenciamento da pandemia… Tudo isso coloca um risco maior sobre o País e esse risco reflete na cotação do dólar, porque nesse caso entram menos e saem mais capitais estrangeiros por preocupação desse risco. Isso pressiona o dólar para cima”, explica o economista. 

Outro fator que também funciona como uma influência para o valor vendido ao consumidor diz respeito aos tributos federais e estaduais. Em fevereiro, apenas Pernambuco não registrou um aumento no imposto. Entretanto, nos outros estados, incluindo o Ceará, o aumento foi de cerca de R$ 0,05 por litro.

Para voltar à "normalidade", o economista ressalta que a ideia é estabilizar a economia do País, principalmente no que diz respeito a pandemia, para assim reconquistar a confiança dos capitais estrangeiros e conseguir valorizar o Real. "Para voltar a diminuir, a gente tem que voltar para um câmbio mais valorizado. À medida que a taxa de juros tende a uma normalidade, isso deve ter um reflexo na casa de câmbio". 

No Ceará

Pela sexta vez em 2021, a gasolina aumentou no Ceará, chegando a registrar uma máxima de R$ 5,89, preço encontrado na cidade do Crato e que significa um aumento de R$ 0,15 em relação à semana anterior. Os dados são de levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizado em 147 postos em Caucaia, Crato, Fortaleza, Juazeiro do Norte e Maracanaú. A pesquisa ocorreu entre 7 e 13 de março. 

Essa é a sexta vez que o combustível registra um aumento no Ceará. Na semana anterior, a gasolina havia aumentado R$ 0,21, um acréscimo de 3,96%, que havia sido previamente anunciado pela Petrobras. Nesta semana, o aumento foi de 2,61% em relação ao valor anterior. A previsão é que, se os valores continuarem subindo na mesma proporção, o Estado registre o valor histórico de R$ 6 ainda nesta semana.

Já na Capital, o valor máximo encontrado foi R$ 5,79, um aumento de R$ 0,30, ou seja, de 5,4%. O levantamento analisou 101 postos e registrou uma média de R$ 5,47.

 

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