Mais novo talento da moda cearense, André Sampaio é um jovem cheio de sonhos. Antes restrito ao ambiente universitário, fez sucesso no Concurso Ceará Moda Contemporânea e confirmou o seu poder criativo com a participação na abertura do DFB 2015.
Em bate-papo com a Coluna Frisson, o estilista fala sobre sua trajetória, preferências, desafios ultrapassados e perspectivas para o futuro, sem perder de vista a paciência e a leveza.
Como a moda entrou em sua vida?
A moda sempre esteve presente por meio e influência de minha mãe. Para mim, ela representava uma elegância sem esforço, quase informal.
Você teve alguma referência no mundo da moda?
Além da minha mãe, a Jacqueline Kennedy em seu o período Onassis e a editora de moda Diana Vreeland.
O que representou para você ser finalista do Concurso Ceará Moda Contemporânea, promovido pelo Sinditêxtil-CE?
O concurso do Sinditêxtil representou uma oportunidade para mostrar o meu trabalho aos profissionais de moda. Até então, eu permanecia restrito ao ambiente universitário.
Como aconteceu o convite para estrear no DFB 2015? O que isso representa pra você?
O convite aconteceu logo após a divulgação do resultado do concurso. O Cláudio Silveira, que chefiava a equipe de produção do evento, gostou do meu trabalho e me convidou para estrear no DFB do ano seguinte.
O evento representa uma oportunidade única para os jovens designers que desejam mostrar o seu trabalho, pois, além de permitir liberdade criativa absoluta, proporciona uma estrutura vista somente nos desfiles internacionais.
Abrir o maior evento de moda autoral do País foi seu maior desafio até agora na carreira?
Sim. Para um cara jovem, com apenas 21 anos, foi como cair em um rio de expectativas – minhas e alheias – e chegar ao outro lado vivo e com muito para mostrar!
Você fez um recorte entre passado e futuro, através da história da família Pontes Vieira, importante clã surgido em Fortaleza no início do século XIX, e do qual tem fincadas as suas raízes. Fala um pouco sobre essa escolha, sobre essa homenagem...
A inspiração para a coleção foi a antologia de fotos de família durante as décadas de 1930 e 1940, organizada e mantida, há 60 anos, por minha avó, Therezinha. Nesse álbum, desdobram-se as memórias íntimas da minha família naquela época e cujo patriarca, João Jorge, meu bisavô, acabou virando nome de avenida.
A sua pouca idade representa algum tipo de obstáculo no mundo da moda?
Não. Prefiro não pensar assim, pois acredito que nenhuma idade é um obstáculo. Quero chegar aos 52 anos me sentindo jovem e cheio de ambições para o futuro!
Quais os principais desafios e dificuldades que enfrentou até agora na sua carreira?
O mercado brasileiro está em crise. Logo, as dificuldades para conseguir apoiadores para um estilista iniciante e independente são um pouco mais complicadas. Mas, ainda existem pessoas interessadas no mercado de moda e nos jovens talentos. O Cláudio Silveira é um exemplo disso.
Você enfrenta algum tipo de preconceito?
Como profissional, não. É claro que algumas pessoas amam o seu trabalho e outras que nem tanto, mas nunca existiu uma hostilidade em relação a isso.
Onde você busca inspiração?
Depende do que estou buscando. Para essa coleção, foi visitando a casa da minha avó. Casa de vó tem um encanto que não muda.
Você tem preferência por algum tipo especial de tecido?
A partir da experiência com o DFB, acabei me descobrindo fã de tecidos mais pesados, como a sarja e o jeans. Criar com materiais novos permite descobrir preferências que você desconhecia.
O que você descarta nas suas criações?
Trabalho revisitando o que já fiz, destruindo, aplicando, construindo... Então nada é realmente descartado.
Você tem algum público-alvo ou pretende trabalhar para todos os públicos?
Gostaria de trabalhar para um público que se identifica e consome a imagem que eu crio, independente do gênero.
Você está sendo considerado um novo talento da moda no Ceará. O que isso representa para você?
Uma responsabilidade, acima de tudo. Quero desenvolver uma imagem de moda interessante, significativa e desejável com o meu trabalho para o público e para o mercado. Quero que as pessoas vistam, mais do que uma peça de roupa, uma personalidade.

Quais os planos para o futuro? Você tem algum sonho especial no segmento da moda?
Quero me inserir no mercado de moda local com uma marca feminina própria e, posteriormente, expandir os meus negócios para o restante do País.
Você pretende se fixar no Ceará ou o sucesso lhe impulsiona a buscar praças mais adiantadas do País no segmento de moda?
Antes de qualquer coisa, gostaria de fortalecer o meu nome por aqui, onde estão fincadas as minhas raízes e possuo uma estrutura operacional relativamente estabelecida. Fora do nosso Estado, a concorrência para um iniciante é grande e desleal. Depois disso, quem sabe.
Como você avalia a moda produzida no Ceará em relação ao resto do País?
A moda cearense consegue, ao mesmo tempo, imprimir uma identidade regional e cosmopolita muito forte. Como diria uma amiga, “nada é mais internacional do que o canto de raiz da sua própria terra”.
Quais os próximos eventos de moda que pretende participar?
Existem planos para o segundo semestre, mas não posso adiantar nada por enquanto.
Você pensa numa carreira internacional?
Sim. Acho que todo designer sonha em ver o seu trabalho globalizado. Adoraria capitanear uma das marcas que admiro!
Na sua avaliação, quais os requisitos para ser um estilista reconhecido?
Paciência, trabalho, paciência, trabalho, leveza...