O Dragão Fashion, em sua 16ª edição, vai começar, prometendo movimentar o mercado da moda. A Frisson aproveitou o momento importante para um bate-papo descontraído com o o idealizador do evento. O empreendedor Cláudio Silveira conta tudo o evento, que há 16 anos coloca Fortaleza na rota das grandes semanas de moda do País.
Como surgiu o DFB? Por que o nome "Dragão Fashion"?
O DFB nasceu em 1999, durante uma viagem a Nova York. Surgiu da necessidade de apresentar, ao Brasil e ao mundo, o grande celeiro de criadores que tínhamos no Ceará e no Nordeste. Batizamos o evento com esse nome por conta do lançamento do Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura, que coincidiu com o período e o local da primeira edição do DFB.
O mercado brasileiro sentia necessidade de um evento voltado à moda autoral? Qual a importância do DFB nesse sentido?
Eu costumo repetir que é na força da moda autoral que estão as alternativas para a indústria do segmento. Em 2015, mesmo com um cenário generalizado de crise, a moda brasileira manteve-se aquecida, gerando renda, emprego e oportunidades. Não falo da moda das elites. O Dragão reúne gente de todos os nichos sociais, com as mais diferentes visões, do high ao low, tudo junto e misturado. E tudo tendo como motor a moda autoral. Nosso foco é a valorização da moda autoral, já que temos o expertise e as tipologias mais ricas de artesanato a nosso dispor. Somos um Estado que trabalha o handmade como nenhum outro e precisamos, cada vez mais, saber aproveitar essa vocação.
Como foi a primeira edição do DFB e o que avançou de lá pra cá?
Há 16 anos, a Fenit (Feira Nacional da Indústria Têxtil, em São Paulo) dominava o cenário. A semana de moda de São Paulo começava a se profissionalizar e o Ceará tinha perdido seu lugar no ranking brasileiro da moda. Nós marcamos presença na Fenit, levando o DFB em um projeto chamado "Renda-se: o Ceará é aqui", uma espécie de ponto de partida para um novo momento do Ceará porque conseguimos reunir fortes representantes da indústria local, aliados ao poder das artesanias cearenses. O Brasil apaixonou-se pelo Ceará e botou o Estado de volta no mapa da moda. Hoje, o DFB está cada vez mais profissional, sério, com respaldo dentro e fora das passarelas. São milhares de pessoas que, a cada ano, participam e marcam presença, ativamente, não só nos desfiles, mas em todas as ações paralelas que também compõem e são parte fundamental do DFB, como o Dragão Pensando Moda, a programação gastronômica, os shows, enfim... São cerca de mil profissionais envolvidos a cada ano, entre estrutura, montagem e staff.

Que grandes nomes da moda surgiram a partir do DFB?
Vários criadores começaram no DFB e, hoje, conquistaram uma carreira sólida a partir da visibilidade proporcionada pelo evento. Um dos hot tickets da moda brasileira, o baiano Vitorino Campos, que, além da marca própria, comanda o estilo da Animale, estreou nas grandes passarelas no DFB. Entre os dragões cearenses, Mark Greiner, Lindebergue Fernandes e Weider Silveiro (baseado atualmente em SP) são alguns dos criadores que se estabeleceram com sucesso no mercado.
Quais os projetos sociais que surgiram e ganharam vitrine por conta do DFB? Quais os impactos deles nas comunidades e nichos sociais?
A missão do DFB é servir de plataforma para novos criadores que, às vezes, não têm nenhuma chance de mostrar seu trabalho autoral. Nós temos o Concurso dos Novos, que a cada ano premia instituições de ensino técnico e superior de todo o Brasil. A cada ano, nossos curadores convidam novos estilistas para, a custo zero, desfilar no DFB com todo o suporte do evento (modelos internacionais, top maquiadores etc).
Em 2014, a partir de uma conversa com a querida Gaída Dias, diretora do Grupo Cidade de Comunicação, surgiu a ideia do Comunidade:Moda, um reality show para descobrir talentos da moda na periferia de Fortaleza. Como eu, ela é apaixonada por moda e viu, no DFB, o cenário ideal para uma ação inovadora e sintonizada com esse que é o maior evento de moda autoral do Brasil. Gaída é muito rápida. Em pouco tempo, havíamos formatado o projeto e as gravações começaram em toque de caixa. O resultado, segundo os índices de audiência, foi que o público mostrou-se, também, apaixonado pelo projeto, que já está exibindo a segunda temporada.
Comente alguns números do evento.
A cada ano, o DFB gera 2.700 empregos diretos e indiretos. Na última edição, mais de 45 mil pessoas conferiram as atividades do DFB, dos desfiles e palestras ao food park, shows e lojas. O evento, que é o maior desse segmento em todo o País, representa a força do trade da moda cearense, que gera mais de 118 mil empregos diretos. Estamos, também, entre os três maiores polos calçadistas do Brasil, com uma produção anual média de 63,9 milhões de pares por ano. E é no DFB que esses números encontram a legitimidade e se mostram ao mercado.
Quais as grandes novidades do DFB 2015?
Além de vários criadores brasileiros que desfilam pela primeira vez no Ceará, a maior novidade é o novo local do evento, em pleno Terminal Marítimo de Passageiros do Porto de Fortaleza. Será o primeiro evento desse porte a se realizar nesse espaço que, além da vista privilegiada para a orla de Fortaleza, também possui uma estrutura de padrão internacional. Estamos muito felizes com todas essas boas novas.
Depois de tanto tempo realizado no Dragão do Mar, como e por que o evento vai mudar de local? É um desafio?
A mudança veio através de um convite da Secretaria de Cultura do Estado (Secult) para movimentar e gerar ainda mais visibilidade a esse grande equipamento que foi entregue à cidade em junho de 2014 e que ainda não tinha recebido um evento do nosso porte.
Como vai ser a estrutura do DFB 2015 no Porto? Quais as mudanças?
Serão duas mega salas de desfiles, cada uma com capacidade para mil pessoas e passarelas de quase 40 metros. O mall do terminal irá receber os lounges dos parceiros, o auditório para as palestras do Dragão Pensando Moda e a Sala de Imprensa, que reúne centenas de profissionais brasileiros e internacionais. Ao ar livre, vamos instalar uma praia artificial, com ombrelones, restaurantes, palco para shows e uma área com diversos food trucks.
E nos próximos anos, o evento já prevê alguma novidade? Deve continuar no Terminal de Passageiros no Porto do Mucuripe?
Vamos com calma! As ideias para o próximo DFB já estão reunidas, mas o foco total agora é na edição 2015 do maior evento de moda autoral do Brasil. Aguardamos vocês lá!
Confira os cliques de Lino Vieira.