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Fundador do Museu da Fotografia, Silvio Frota se apaixonou pelo gênero após foto da “Garota Afegã"

O empresário conversou com a Frisson sobre a importância do Museu para a Cidade, bem como seus projetos de expansão que inclui uma série de atividades educacionais no interior do Estado

Foto: Lino Vieira

Foi em 2009, em uma exposição nos Estados Unidos, quando o empresário e colecionador de arte Silvio Frota colocou os olhos na “Garota Afegã”. Fotografia conhecida por ter estampado a capa da National Geographic em um momento em que o Afeganistão sofria com uma guerra provocada pela invasão da União Soviética, a Garota Afegã captou o olhar de Frota, fazendo-o prestar atenção para as fotografias com um novo olhar. 

A partir daí, as fotografias passaram a integrar a coleção de Silvio e Paula Frota, que em 2017 inauguraram o Museu da Fotografia de Fortaleza. Hoje, com cerca de 4 mil fotografias, o equipamento conta com nomes como Bob Wolfenson, Man Ray, Dorothea Lange, H. Cartier-Bresson e, claro, a fotografia de Steve McCurry, “Garota Afegã”.

O empresário conversou com a Frisson sobre a importância do Museu para a Cidade, bem como seus projetos de expansão que inclui uma série de atividades educacionais no interior do Estado. Confira a entrevista: 

Frisson: Antes de falarmos no museu, como surgiu o seu interesse em colecionar a fotografia?

Silvio Frota: O meu interesse em fotografia surgiu por acaso. Apesar de eu já ser colecionador de pintura desde os anos 1980, em 2009 eu estava em Houston, no Texas, quando soube que tinha uma exposição do Steve McCurry, que é o fotógrafo da Garota Afegã. Eu fui ver e me apaixonei pela foto. Comprei a fotografia, e foi minha primeira. A partir daí eu comecei a me questionar porque que eu nunca tinha olhado pra parte de fotografia, se eu era colecionador de pintura. Então comecei a frequentar os museus e galerias para ver essa parte de fotografia. Comecei a estudar e pesquisar. Então a partir daí a coisa tomou um curso muito grande e virou o Museu da Fotografia.

Frisson: Pode contar a história e trajetória do Museu da Fotografia?

Silvio Frota: O Museu da Fotografia nasceu porque a coleção começou a crescer numa importância e num tamanho grande, e a gente não achava justo a gente ter uma coleção e as pessoas não terem acesso. Pensamos então em criar um espaço, uma coisa pequena, só que no entusiasmo que você começa a sonhar e a planejar, foi criando um tamanho muito maior do que a gente pensava em fazer

Frisson: Quais são os desafios de gerenciar um equipamento cultural privado em Fortaleza? 

Silvio Frota: Os desafios são muito grandes em gerenciar um equipamento cultural privado em Fortaleza. Principalmente por causa do tamanho do Museu da Fotografia e do projeto educacional que a gente tem. Por exemplo, nós atendemos em torno de 70 mil crianças por ano, então é um negócio gigantesco. Trabalhamos também com pessoas com deficiência, como autistas, cegos... Nós trabalhamos dentro das unidades correcionais masculina e feminina, com crianças de um a quatro anos de idade, em que fazemos um trabalho diferente, porque nosso interesse é que elas brinquem dentro do ambiente cultural. Só trabalhamos também com pessoas carentes, dentro dos hospitais… Em 2022, atendemos dez cidades do interior, onde a gente traz os professores para Fortaleza, ensinamos a nossa metodologia e depois a equipe vai pra essa cidade e faz um trabalho conjuntamente com os professores e os alunos nessas cidades. É um trabalho muito grande. 

Frisson: Como o museu driblou a pandemia? 

Silvio Frota: A pandemia foi um problema muito sério, porque tínhamos um terço das nossas despesas coberto por projetos com parcerias com algumas empresas. Passamos três anos bancando 100%, um volume muito grande de dinheiro. Mas agora, fim de 2022 e começo de 2023, estamos retomando essas parcerias.

Frisson: Pode falar um pouco do acervo do museu? Quais as obras que o senhor destacaria como as mais importantes para o acervo? 

Silvio Frota: Temos em torno de quatro mil fotografias, um volume muito alto. Temos os principais artistas do mundo, então é difícil dizer qual a mais importante. 

Frisson: O museu é dono de grandes obras de Bob Wolfenson. O que motivou a instituição a adquiri-las?

Silvio Frota: A questão do Bob Wolfenson foi que fizemos uma exposição dele aqui em Fortaleza e acabamos comprando a exposição inteira. Nós gostamos de comprar coleções para elas 'itinerarem'. Hoje nós temos sete centro culturais onde a gente faz uma 'itinerância' da nossa coleção, o tempo todo mudando. Temos no Ministério Público, no Tribunal de Contas, no Tribunal de Justiça, no Fórum…  

Frisson: Há alguma obra ou artista que o senhor sonha em adquirir? 

Silvio Frota: Nós temos todos os tipos de artistas. A única coisa que eu gostaria de ter são algumas fotos, que isso está sempre na alça de mira do Museu. 

Frisson: O senhor já falou sobre expandir o museu. Como anda esse projeto? 

Silvio Frota: Estamos expandindo na parte educacional. Em 2021, trabalhamos com sete cidades do interior e em 2022, trabalhamos com dez. Hoje, estamos desenvolvendo um projeto de geração de renda através da fotografia no interior. Vamos expandir, mas não a área física do museu, e sim o projeto educacional, que é o principal. Outra atividade que fazemos é uma exposição de três em três meses com pessoas do Brasil e do exterior. Nós fazemos semanalmente palestras com pessoas do Brasil e do exterior. 

Frisson: Qual acredita que é o papel do museu para a cena cultural de Fortaleza? 

Silvio Frota: Acho que é um papel muito importante, principalmente pelo trabalho educacional que a gente faz, com setenta mil crianças por ano. Trazemos por dia para o museu entre 200 e 250 crianças. Trabalhamos dentro das escolas públicas. É uma atividade corriqueira nossa.

 

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