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Primeira nadadora nordestina nos Pan Americanos, Hedla Lopes tem trajetória de desafios e conquistas

A atleta conversou com a Frisson sobre suas conquistas e espírito, que muito mais que talento, transmite esforço e dedicação

Foto: Lino Vieira

Otimista, alegre e pronta para desafios. Hedla Lopes se destaca como atleta exemplar, mas também como uma pessoa amiga e sempre disposta a se superar. A atleta, conhecida principalmente por suas conquistas na natação e em Triathlon, foi a primeira mulher do Norte e Nordeste a competir na natação nos Pan Americanos, em 1975. 

O talento passou pelo sangue. Sua filha mais nova, Vittoria, já se prepara para as Olimpíadas de Tóquio, na modalidade de triatlo. Já a filha mais velha, Hedla, já conquista a carreira de atriz no Rio de Janeiro.

A atleta conversou com a Frisson sobre suas conquistas e espírito, que muito mais que talento, transmite esforço e dedicação. Confira:

Frisson: Hedla, pode falar como você se descobriu uma atleta? Como foi a sua trajetória até aqui?  

Hedla Lopes: Eu comecei a nadar com 10 anos por recomendação médica devido a uma escoliose. Fui muito incentivada pelos meus pais e isso me ajudou muito. Durante o aprendizado da natação, eu percebia uma vontade muito grande de melhorar, de vencer. Aqui já começavam os meus desafios de onde eu queria chegar. Ai depois, aos 45 anos, eu recebi um convite da presidente de Triathlon para fazer uma eliminatória em Niterói. Para nadar, correr e pedalar. Como sou movida a desafios, eu topei. Mas antes eu só nadava. Mas aí eu ganhei na minha categoria e fui convocada a competir o mundial 

Frisson: Desde pequena, você recebeu diversos convites para treinar em outros cantos. Por que recusou?

Hedla Lopes: Tive convites da Gama Filho (RJ), Flamengo e inclusive o vice-presidente veio a Fortaleza com uma grande proposta, mas mesmo assim, meus pais não deixaram. Meu pai era diretor do Náutico. Ai eles ofereceram para ele ser diretor, ofereceram colégio, tudo, mas meu pai era filho único e tinha três tias. Então ele não quis deixar as tias. Ai por isso ele nem deixou eu ir e nem foi. 

Frisson: Você participa de competições de nado, corridas e pedaladas. Qual das modalidades é a sua preferida e por que? 

Hedla Lopes: O triathlon entrou na minha vida aos 45 anos. Como novos desafios, adoro natação, talvez por ter sido o meu primeiro esporte, que ficou durante muitos anos. Com isso, me sinto confortável. 

Frisson: Você é campeã em diversos eventos. Pode nos contar um pouco sobre suas vitórias, quais foram, quantas são…? 

Hedla Lopes: Pratico esportes há muitos anos e posso dizer que cada etapa foi gratificante, encorajadora e com muito foco e objetivo. Campeã cearense, no Nordeste, brasileira, primeiro mulher do Norte e Nordeste a se classificar para os jogos pan americanos, pódio nos jogos estudantis brasileiros e universitários, campeã olímpica master na Dinamarca, tri campeã e recordista da travessia do Rio Negro, uma das vezes que ganhei até dos homens, campeã latino-americano master de natação, troféu Sereia de Ouro 2020 (...). Hoje perdi as contas de quantas medalhas e troféus. Posso dizer que tenho mais de mil medalhas, além de sorrisos, alegrias, realizações… 

Frisson: Quais foram as maiores dificuldades que você encontrou como atleta no Brasil? 

Hedla Lopes: Por ser nordestina. Não vou dizer que era bullying, porque nem existia essa palavra. Mas faziam hora, a preferência era mais do Sul… Para eu pegar uma seleção brasileira, eu tive que ganhar fácil, com diferença. Eles ficavam dando mais chance para as meninas do sul. Essa foi a maior dificuldade. Perguntavam como é que eu treinava se no Ceará não tem água. E assim eu ia. Mas graças a deus eu sempre tive o apoio dos meus pais, do meu psicólogo. Me ajudam muito nos treinamentos e a ter uma visão da vida. Então eu consegui vencer por isso, por ter o apoio familiar. 

Frisson: Você participa de muitas competições por ano. Como equilibra os esforços físicos com seu corpo? 

Hedla Lopes: Acho que o equilíbrio está na motivação, de você querer, ter o objetivo, disciplina, espírito de sacrifício. Às vezes nem adianta você estar treinada. O importante é você ter uma mente forte, um pensamento firme, um desejo, uma fome de ser a melhor. Não por orgulho, mas por exemplo, na minha idade. A minha fama é de vencer, mas isso sou me desafiando. Eu sou movida a desafios. Isso que me faz chegar onde cheguei. O importante é estar motivada naquilo que você quer, o pensamento positivo. 

Frisson: Além das competições, você também dirige uma academia. Como ela entrou na sua trajetória? Era um desejo antigo? 

Hedla Lopes: Desde criança eu já falava que meu sonho era ter um clube com atletas competindo e hoje eu tenho a Hedla Lopes Academia, com atletas que competem pelo Brasil afora. 

Frisson: A sua filha mais nova, Vittoria, também é atleta. Como é vê-la seguindo o caminho da mãe?

Hedla Lopes: Posso dizer que Deus foi bom demais comigo o tempo todo. Realizei todos os meus sonhos. Ver minha filha já classificada para as olimpíadas de Tóquio é uma alegria divina. Sempre imaginei uma filha fazer a mesma coisa que eu. 

Frisson: Qual dica você dá para novos atletas que desejem seguir como profissionais?

Hedla Lopes: Acreditem nos seus sonhos, e quando um caminho e faz resistente, faça com resistência o caminho. Tenha foco e seja determinado. 

Frisson: Quem é a Hedla Lopes além da atleta? 

Hedla Lopes: Uma pessoa alegre, que adora desafios, fazer amizades, viajar. Temente a Deus, adora brincar, mas ao mesmo tempo tímida… 

Frisson: Quais são seus próximos passos na carreira, próximos objetivos…?

Hedla Lopes: Praticar esporte para mim é um estilo de vida e quero levar a frente por muito e muitos anos. Hoje divido um pouco a minha vida em dar assistência para a minha filha Vittoria rumo a Tóquio.

 

 

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