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Paulo Miranda: uma vida de amor aos cavalos

Formado em Ciências Econômicas na Universidade Federal do Ceará, Paulo Miranda, atualmente com 53 anos, é um homem cuja história se confunde com um de seus maiores amores: os cavalos. Não é à toa que ele acaba de ser escolhido para comandar o Jockey Club Cearense e levar a frente o desejo de muitos criadores locais: o de transformar o JCC em um hipódromo reconhecido nacionalmente.

E para contar um pouco dessa nova conquista e de suas outras atividades, Paulo bateu um papo descontraído com a Coluna Frisson, onde falou sobre sua vida pessoal e profissional. Confira:

Como surgiu essa paixão pelos cavalos?
Desde muito pequeno, costumava passar os finais de semana na fazenda do meu avô . Convivi com vaqueiros e toda a atmosfera rural na minha infância. Ganhei de presente do meu avô o meu primeiro cavalo, que se chamava “Bem te vi” . O prazer de montar e ajudar na lida com o gado fez nascer uma paixão pelos cavalos que dura até hoje.

Como é sua relação com esse animal?
Sempre gostei de tudo que se relaciona com equinos. Desenvolvi meus conhecimentos sobre o assunto lendo toda e qualquer matéria sobre cavalos. Em 1991, iniciei uma criação de cavalos da raça Quarto de Milha com genética voltada para o trabalho e para a prática de vaquejadas. Batizei o meu Haras com o nome Marinheiro. Trata-se de uma homenagem ao meu bisavô português, Luiz Cordeiro de Miranda. Ele chegou ao Ceará no final do século XIX. Naquela época, a travessia do Atlântico somente era feita por via marítima. Os habitantes locais tinham o costume de chamar os imigrantes portugueses de "marinheiros". Ele prosperou com negócios relacionados com o meio rural e exploração de fazendas. Em 2006, a criação do haras Marinheiro passou a criar cavalos com genética de velocidade voltada para a corrida. É muito gratificante ver um animal que você viu nascer, crescer e treinar se consagrar como campeão em uma prova. A emoção justifica todo esforço e energia empregados.

Estrategicamente falando, como seu relacionamento com os cavalos repercute nos negócios?
A criação e participação nos esportes equestres são apenas um hobby. Apesar de envolver cifras consideráveis, o retorno financeiro quando muito cobre os custos. O meu negócio é a construção civil, que nada tem a ver com cavalos. O mundo dos equinos lhe proporciona fazer grandes amizades. O bom relacionamento sempre "abre portas" e às vezes consigo transportar esta convivência para meus negócios imobiliários.

Recentemente, você foi eleito com quase 100% dos votos para a Presidência do Jockey Club Cearense. Como analisa a imensa confiança depositada?
Não tenho dúvida alguma que este sucesso todo foi obtido pela força dos nomes que compunham a minha chapa. O meu mérito foi conseguir reunir os principais nomes do turfe cearense ao meu lado. Inicialmente elaboramos uma plataforma de ações a serem desenvolvidas. De imediato, as pessoas assimilaram as boas ideias e o apoio foi uma consequência natural. Verdadeiros ícones do turfe, como Rafael Leal, Cláudio Rocha, Marcos Lima, Deputado Genecias Noronha, Artenísio Leite e Moacy Maia, dentre outros endossaram nossa candidatura. O grande público e sócios do clube nos conhecem há bastante tempo e a confiança traduzida em votos só aumenta a nossa responsabilidade. Temos muito trabalho pela frente e grandes desafios nos aguardam, mas tudo é uma questão de tempo para que o Jockey Club Cearense se transforme no melhor hipódromo do Brasil.

Qual seu planejamento para os próximos anos no Jockey?
A construção da nova sede do clube foi concluída. O nosso desafio é colocar toda aquela estrutura para funcionar bem. Um intenso calendário de provas tem que ser fielmente executado. Além dos Grandes Prêmios, temos que promover eventos paralelos como leilões principalmente. Vamos realizar provas de outros esportes além da corrida, como, por exemplo, o Tambor e Baliza. Pretendemos incentivar o relacionamento entre os criadores e consumidores de cavalos (turfistas). O somatório de muitas ações de promoção de eventos associadas a uma administração competente é a receita para se obter o que buscamos.

Como pretende deixar seu legado na história da instituição?
Sou diretor do Jockey há quatro gestões, ou seja, oito anos . Acompanhei a venda do terreno da sede antiga e toda a construção da sede atual. Na qualidade de construtor, pude contribuir desde a concepção do projeto de arquitetura até a execução das obras. Vencemos etapas importantes, mas nada disso terá qualquer significado se esta estrutura ficar parada . Os membros da minha diretoria são grandes empresários e líderes nos segmentos em que atuam. Todos têm larga experiência e administram grandes negócios. Cada um vai contribuir na condução correta dos problemas e desafios que vamos enfrentar. Quero ser lembrado como o presidente que conseguiu fazer a "máquina funcionar". Quero entrar para a história do clube como o presidente que conseguiu trazer de volta os turfistas e apaixonados pelo cavalo de corrida para o nosso hipódromo.

Seus filhos também nutrem a mesma paixão por cavalos?
Meus filhos gostam muito de cavalos e sempre me acompanham nos finais de semana no Haras. Eles adoram montar e sempre que possível promovemos divertidas cavalgadas. Atualmente, eu não participo mais de vaquejadas e meus filhos não praticam diretamente um esporte vinculado ao cavalo. O mais velho já me acompanha nas viagens para São Paulo, onde participamos dos grandes prêmios e leilões. Tudo que é feito em família é melhor e compartilhar a convivência com cavalos é muito gratificante.

Algum deles pensa em ser um cavaleiro oficial?
Os esportes equestres que mais atraem as crianças são o hipismo (salto), tambor e baliza. Atualmente, estou muito vinculado às corridas no Jockey. O turfe não é um esporte para crianças. A rotina de um profissional (jóquei) é muito difícil, sem falar que envolve um certo grau de risco de acidentes. Desta forma, a participação dos meus filhos se resume a cavalgadas nos finais de semana no haras.

E sua esposa, o que acha de tanta dedicação e amor pelos bichos?
Minha mulher teve uma infância muito parecida com a minha. Ela sempre passava férias na fazenda da família no interior de Minas Gerais. Sempre tive o apoio e compreensão por parte dela. A Fernanda entende perfeitamente minha paixão por cavalos, pois ela também tem o mesmo sentimento.

Como é sua rotina no haras Marinheiro e quais as dificuldades e os desafios por lá?
A nossa rotina de trabalho é igual aos demais criatórios. Estamos sempre preocupados em fornecer o manejo correto para nossos animais. Todos os cuidados com alimentação têm que ser rigorosamente respeitados. Estamos sempre fazendo um melhoramento genético do plantel e buscamos cada vez mais produzir animais vencedores. O nosso maior desafio é conseguir formar uma mão de obra capaz de atender as nossas necessidades. Infelizmente, encontramos muita dificuldade em tudo que se relaciona a qualificação dos profissionais da nossa área.

Como divide o tempo entre família e profissão?
A minha profissão é voltada para a construção civil e a criação de cavalos é uma atividade que me proporciona muito prazer. Durante a semana, nos voltamos para as tarefas urbanas. A convivência com a família não tem sofrido qualquer dificuldade, pois compartilhamos dos mesmos gostos. Estamos sempre juntos quer seja nas cavalgadas ou nas viagens para participar dos eventos do turfe.

Qual sua meta para os próximos 10 anos?
Pretendo aumentar a participação da nossa criação no cenário equestre como um todo. Atualmente, produzimos animais voltados para a prática de vaquejadas e corridas. Temos uma equipe que participa ativamente das mais importantes vaquejadas do Brasil. Temos também um "STUD" (equipe de corrida) no Jockey com ótimos cavalariços e jóqueis chefiadas pelo renomado treinador "Polaco". Pretendemos ingressar nas provas de tambor e baliza, que é um segmento muito importante e que mais cresce no Ceará. A nossa meta é, portanto, consolidar tudo o que temos feito ao longo de todos estes anos. Chegar até aqui não foi fácil, mas continuar a produzir campeões é muito difícil e uma meta a ser perseguida.

Confira mais fotos, by Lino Vieira.

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