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Felipe Adjafre: renomado pianista

O pianista Felipe Adjafre é o entrevistado da semana da Frisson. Talentoso e muito respeitado na cena musical e cultural de Fortaleza, ele abriu as portas de sua casa, mostrou a nova adega, contou detalhes de sua carreira e também falou de família e canções. Acompanhe a seguir:

Como a música se inseriu em sua vida?

Me lembro que, com sete ou oito anos, eu já gostava de música assim meio como algo acima do normal, achava a música algo mágico, fascinante, que despertava o meu interesse de uma forma que me deixava paralisado quando via alguém tocando algum instrumento. Quando completei nove anos, eu pedi de presente um teclado, pois tinha visto um de um colega e achei aquilo fantástico! Então, após ganhar de aniversário, meus pais me matricularam num curso de teclado na escola Ritmos e, assim, comecei a minha caminhada na vida musical. Pouco anos depois, aos 14 anos, eu já estava tocando teclado em uma banda de pagode do colégio Batista, onde eu estudava, e, a partir daí, surgiram vários convites para tocar em bandas profissionais de diversos estilos musicais, iniciando, assim, a minha carreira profissional.

De que maneira o piano passou a ser seu instrumento e companheiro de trabalho?

O piano apareceu na minha vida de certa forma um pouco tarde, só aos 20 anos de idade. Fui comemorar o aniversário do meu irmão no restaurante Dallas Grill e lá conheci o pianista Hortêncio. Fui lá conversar um pouco com ele, dar uma espiadinha de perto para ver ele tocar e até dei uma palinha. Semanas depois, o senhor Hortêncio me liga pedindo para que eu o substitua no Dallas em um dia que ele não poderia ir. Eu, apesar de ter ficado surpreso e muito feliz, fiquei também com receio e um pouco de medo, pois eu não tinha experiência com piano, mas ele me encorajou e eu acabei indo. Isso acabou se repetindo por algumas vezes até que, certo dia, eu fui contratado pelo restaurante para tocar alguns dias por semana, acabei passando 14 anos lá. Em paralelo ao restaurante, fui construindo a minha carreira solo, gravando CD´s, 17 ao total, e um DVD. Também fundei a primeira empresa do Ceará especializada em locação de pianos, que hoje conta com 8 modelos de pianos.

Agora em 2017, você celebra 15 anos de carreira como pianista e 21 como músico! Quais as principais dificuldades superadas em duas décadas de vida dedicadas à música?

Viver de música não é fácil. Na verdade, de arte em geral. Passei por muitas dificuldades, sofri preconceito no começo de carreira e tal. Mas sempre tive certeza do que eu queria, sei que talvez em outra profissão eu teria um retorno mais rápido, poderia ser até mais fácil, mais certo. Porém a verdade é que eu, acima de tudo, amo o que eu faço e acredito que, por isso, as coisas tenham dado certo na minha carreira profissional, claro que, além do amor, também teve a paciência, a perseverança, a humildade, a honestidade com os clientes e muito profissionalismo envolvido para que tudo desse certo. Precisei entender um pouco de administração, de empreendedorismo, de marketing e de publicidade para tentar inovar, criar projetos e ter um diferencial para não fazer o que todos já estavam acostumados. Agradeço a Deus todo dia pelo dom da música e por poder trabalhar com ele, superando obstáculos, aprendendo e levando alegria a todos através da música!

O projeto “Piano, Triângulo e Zabumba” é um marco. Qual a importância dele em sua trajetória?

Esse é um projeto bem inusitado, onde eu levo o piano para tocar com instrumentos nordestinos, tocando forró, xote e baião e também trago o triângulo e o zabumba para o universo do piano, para tocar jazz, bossa-nova, clássicos... É super interessante de se ouvir essa mistura, pois tem tudo a ver, são instrumentos versáteis e a minha ideia era exatamente mostrar isso, quebrar tabus e, principalmente, popularizar cada vez mais o piano, além de valorizar os ritmos nordestinos de raiz.

Como se dá sua atuação de teor beneficente para difundir o piano em camadas mais vulneráveis?

Como eu já até falei aqui, agradeço a Deus por esse dom da música, que me foi dado de forma gratuita. E fazer projetos beneficentes é o mínimo que eu posso fazer para agradecer. Sinto também que a sociedade é carente de música de qualidade, muitas pessoas nunca viram um piano de perto. Além de levar a boa música para a população, a gente também consegue doações de alimentos, beneficiando, assim, diversas instituições de caridade. Em abril, o projeto completou cinco anos. Hoje, ele acontece no foyer do Theatro José de Alencar, normalmente no segundo domingo de cada mês às 17 horas. A cada mês, eu levo um convidado especial. A entrada custa R$ 20, porém, levando 1kg de alimento, paga apenas meia entrada.

O programa “Ao Som do Piano” foi um clássico na programação local. O que te inspirou para comandar a atração?

Passei cinco anos à frente do programa Ao Som do Piano, que era transmitido na TVC. Recebi o convite do presidente Augusto Benevides e foi a realização de um sonho. Sempre assistia, quando mais novo, ao programa do Pedrinho Mattar, que foi quem me inspirou a ter um programa de piano, até que esse dia chegou e durou cinco anos. Foi uma experiência maravilhosa, aprendi muito, além de ter dado uma ótima visibilidade ao meu trabalho.

Falando em inspiração, quais artistas mais influenciaram sua carreira? 

Pedrinho Mattar, The Beatles, Emílio Santiago e Roberto Carlos. Tive a felicidade dos meus pais gostarem muito de música, minha mãe numa linha mais popular com Roberto Carlos e meu pai já gostava muito de jazz, então estava sempre ouvindo música boa em casa!

Que tipo de música e quais bandas você costuma ouvir nas horas livres? 

Sou bem eclético e preciso ser! Ouço de tudo um pouco, gosto de bossa-nova, de jazz, música clássica, choro, samba, forró, pop, tango. Enfim, gosto de música de qualidade!

Como administra o tempo entre carreira, lazer e família? 

Não abro mão do meu lazer e da minha família, ainda não temos filhos, apenas o Thor, nosso Shih Tzu. Adoro estar com a minha família, minha esposa, meu irmão, pai, amigos. Consigo administrar isso bem com a minha carreira, sempre tiro algum dia de folga na semana, também não é todo dia que tem evento particular, então consigo administrar os meus horários também no restaurante que eu toco hoje em dia, que é o Santa Grelha, e, assim, conciliando a minha vida profissional com meu lazer.

 

Você se considera um homem vaidoso? Como cuida do corpo e da mente?

Me considero, sempre gostei de praticar algum esporte, sou um pouco vaidoso, estou sempre de olho na balança, até porque a estética hoje em dia conta muito. Procuro me cuidar, mas nada de exageros, não me considero um metrossexual, apenas sou vaidoso (risos). Em relação à mente, gosto de fazer coisas que me façam bem, e uma delas é tocar, então já saio na frente em relação a este quesito! Amo vinho, sempre gosto de tomar uma taça antes de dormir, me faz bem, durmo bem, relaxo. Ah, a atividade física também faz bem à mente!

Quando tem um tempinho disponível, o que mais gosta de fazer?

Gosto muito de reunir os amigos em casa, seja para tocar, ouvir música, sou um amante de vinho. Gosto de viajar com a minha esposa e também sair para conhecer bons restaurantes.

O cenário musical brasileiro atualmente possui vários segmentos. Há cada vez mais nichos de produção e consumo cultural. Como avalia isto?

A gente vive um momento um pouco difícil, pois a forma de se trabalhar vem mudando, nem sempre o que é bom é o melhor e mais rentável. As produtoras e os veículos de comunicação estão tratando a música e o artista como um produto descartável. Hoje, um novo artista, depois que faz sucesso, 90% têm os dias contados, pois logo logo aparece um outro e assim por diante. Fico pensando como seria se alguns artistas como Caetano, Gil, Gal Costa, Tom Jobim, Chico Buarque, Ney Matogrosso, Elis Regina, Benito di Paula, entre outros, aparecessem nos dias de hoje... Como seria?! Enfim, acho que as coisas estão indo rápido demais, onde o que se preza não é mais a qualidade.

O que você espera para este ano?

Acho que é um ano em que o Brasil está ainda tentando se recuperar dessa crise que afetou todos os segmentos, mas que, graças a Deus, assim como 2016, 2017 está caminhando bem em relação aos eventos que faço. Estou com alguns projetos já na agulha e tentando a cada dia me aperfeiçoar mais, melhorar o meu trabalho e dar mais opções para os clientes. Estou investindo em projetos audiovisuais e quero voltar em breve a apresentar novamente um programa, não sei se totalmente no estilo do “Ao Som do Piano”, mas com algumas mudanças.

Até 2020, como Felipe Adjafre espera estar no âmbito pessoal e profissional?

Acho que precisamos estar sempre nos reciclando, nos reinventando, pois vivemos de tendências e se não acompanharmos, acabamos ficando para trás. Gosto de inovar, criar. Apesar de ser músico, acho fascinante também esse mundo do empreendedorismo!

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