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MAC-USP quer voltar ao topo da vanguarda da arte ao abrir nova exposição com MAM

CAROLINA MORAES, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)


Exposição "Clareira" de Ângelo Venosa (Foto: Divulgação)

O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, o MAC, causou um burburinho no Instagram durante a pandemia quando entregou a conta para o artista Gustavo von Ha, que incluiu no feed do museu um meme de Britney Spears.

Ao mesmo tempo em que o número de seguidores da instituição explodiu, ela também perdeu alguns que "entenderam que o museu era um outro lugar", segundo Ana Magalhães, curadora e diretora do MAC.

O espanto se relaciona com um perfil mais geral dos museus, que não são tão bem-humorados nas redes sociais. Mas esse "outro lugar" que Magalhães coloca se associa também a trajetória mais conservadora e acadêmica que o MAC seguiu nos últimos anos.

Quase 60 anos depois da fundação do museu, a gestão quer retomar a trajetória de quem já esteve no topo da vanguarda artística do país e com as outras instituições do entorno não só no Instagram, mas com duas exposições abertas neste ano -"Clareira", com uma programação multidisciplinar, e "Zona da Mata", feita em parceria com o MAM.

"O museu tinha essa vontade de ser um laboratório de experimentação", afirma a diretora Ana Magalhães, que diz que essa vocação está relacionada com o vínculo universitário. A clareira que nomeia a exposição, no caso, é uma área de vegetação mais rasteira no interior de uma floresta, onde há uma renovação da fauna e da flora.

Quem abre a programação é Angelo Venosa, com uma mostra que apresenta esculturas do acervo do museu e outras de produção recente do artista. São obras que lembram exoesqueletos gigantes e ocupam o espaço central do piso térreo.

A exposição de Venosa será seguida por outra instalação de arte visual, e outros eventos noturnos acontecem até o final do ano. A São Paulo Companhia de Dança, o Teatro da Vertigem e escritores como Noemi Jaffe e Julián Fuks fazem parte da programação multidisciplinar -um formato que, segundo Magalhães, deve ser mantido no museu a partir de agora.

Mas o que parece ser o projeto mais ambicioso do museu é a parceria com o Museu de Arte Moderna, o MAM. A relação entre os dois é antiga -o MAC foi criado em 1963 justamente quando a USP recebeu o acervo do antigo MAM. A proximidade também se dá pelo espaço, com ambos unidos por uma passarela sobre a avenida Pedro Álvares Cabral.

Mesmo assim, não é usual que os prédios sejam vistos com um mesmo circuito para os visitantes -em todas essas décadas de proximidade, inclusive, só uma outra parceria foi feita entre as instituições.

"Zona da Mata", que está montada nos dois espaços e propõe que a passagem pela passarela faça parte do projeto curatorial, pretende criar essa aproximação. Afinal, a passagem pela avenida é um percurso por um terreno que já foi uma mata alagadiça.

São trabalhos de artistas como Claudia Andujar, Guto Lacaz, Paulo Nazareth que suscitam o recorrente tema da relação da natureza com o espaço urbano, com curadoria conjunta entre Magalhães e Marta Bogéa, do MAC, e Cauê Alves, do MAM.

Apesar de estarem a metros de distância num percurso a pé, criar esse circuito que também envolve a Fundação Bienal não parece uma operação simples. No dia que a reportagem esteve na mostra e fez o trajeto pela passarela, ela estava lotada de visitantes sem máscara, caso recorrente próximo à entrada do parque e pelo caminho até chegar no MAM.

Outro evento recente, no entanto, aproxima as duas instituições e pode costurar esse processo. O MAC agora tem como parte de seu acervo a Coleção Fulvia e Adolpho Leirner do Art Déco Brasileiro, com obras doadas pelos colecionadores no final de 2020 e que agora configuram a terceira doação mais importante da instituição.

Alguns desses trabalhos, inclusive, estão em exposição no MAM. A mostra "Desafios da Modernidade - Família Gomide-Graz nas Décadas de 1920 e 1930" retoma a produção de Regina, Antonio Gomide e John Graz, com cerca de 80 trabalhos da família que acabou ditando tendências de estilo no país.

"Somos instituições irmanadas, e é o momento em que começamos a rever essa história. Com 'Zona da Mata' reconhecemos esse terreno do parque do Ibirapuera", diz Magalhães.

"É importante fazer essa conexão física entre os espaços porque eles partilham não só o mesmo projeto arquitetônico, a mesma paisagem, mas uma mesma história institucional e um projeto de modernidade para São Paulo."

ZONA DA MATA
Quando: Até maio de 2022. No MAC, de ter. a qui.: 11h às 19h. Sex. a dom.: 11h às 21h. No MAM, ter. a dom.: 12h às 18h
Onde: No MAC - av. Pedro Álvares Cabral, 1301. No MAM - parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - portões 1 e 3)
Preço: Agendamento pelo Sympla

ANGELO VENOSA, EM 'CLAREIRA'
Quando: Até 1º/8
Onde: No MAC

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